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domingo, 18 de setembro de 2011

Sobre o Poder

                                               Coroa, cetro e espada dos reis da Hungria


                                                                   Sobre o Poder



Como um fantasma sedutor ronda o poder a vida e a imaginação dos seres humanos. Seria tal qual um ídolo disposto a exigir sacrifícios. Por ele se imola os amigos, a honestidade, o tempo com os filhos, a emoção, o coração, a saúde, até a própria memória póstuma.
Enquanto diábolos (que separa) semeia a discórdia, a falsidade, a distorção cruel da meia palavra ou meia verdade, se esta existisse. Sua religião exige culto ao próprio ego, e para tal não medirá esforços nem se curvará a um mínimo de respeito ao outro, construindo escada, degrau por degrau, sobre os ossos dos que se interpuseram no caminho. Como todo ídolo, o poder dará em troca prestígio social, dinheiro, domínio, mas em um futuro breve, exigirá a solidão de seus adoradores, a fragmentação do seu eu, e finalmente a morte (morre-se quando não há mais comunicação).
Há, no entanto, outro tipo de poder. É o poder serviço. Ele é símbolo na medida em que une as realidades. Ele constrói e organiza o caos em cosmo. Dele emana a autoridade, a qual se obedece (escutar junto) em plena liberdade. É dele que vem a autoridade de um pai amoroso, ou de um médico. O poder serviço se alegra quando a comunidade que ele organiza cresce harmoniosamente, quando vê partilhado o fruto do trabalho igual e equitativamente por todos os que ajudaram a produzi-lo. Esse poder gera para quem o exerce, trabalho, sacrifício e testemunho, e mais adiante união, reconhecimento, amizade e vida. 
Podemos e devemos analisar e submeter todas as pessoas e instituições que, de uma maneira ou de outra, exercem algum tipo de autoridade sobre os outros, avaliando sobre qual destes dois tipos de poder se assentam sua personalidade e seu modo de administrar.
O tempo é propício. É tempo em que se agitam bandeiras, aparentemente idênticas, estampadas com imagens de idênticos semblantes, com palavras (sofismas) e palavras e palavras infindas. É o joio e o trigo a estourar num bailado de luzes midiáticas que entontece a quem o assiste. A dança dos poderes. Os dois, um de César o outro do Cristo, nas arenas circenses dos tempos.
É preciso se estar atento. Desde o condomínio de seu prédio, ao seu sindicato, ao seu clube, à sua cooperativa, à sua cidade, ao seu estado, à sua comunidade de fé, e ao seu país. São esferas cíclicas que se entrelaçam e exercem poder sobre nossas vidas. Serão como aguilhões de chumbo soldados a nossos pés ou serão chaves libertadoras, os frutos das nossas escolhas. Escolhas estas, feitas por nós, mas que atingirão outros em várias escalas de influência. Somos e seremos coniventes e cúmplices nos nossos erros e acertos, na graça e no pecado, na morte ou na vida.

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