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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lucas 2, 1-9

                                                          "Gestantes", óleo sobre papel

    
Lc 2, 1-19
 
Anuncio do Evangelho do Nascimento de N. S. Jesus Cristo que nos foi narrado por Lucas


 1 Naqueles dias, o imperador Augusto publicou  um decreto, ordenando o recenseamento em todo o império.

Os poderosos deste mundo gostam de contar e medir os pobres para que estes trabalhem mais, produzam mais, paguem mais impostos, sirvam nos exércitos morrendo para defender as grandes propriedades, e sejam mão de obra barata.

- Fazei Senhor que olhemos os pobres como nossos irmãos e irmãs, jamais sejam números ou estatísticas, jamais sejam explorados.



2 Esse primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria.

O imperador do mundo fazia o recenseamento em partes separadas do seu império, para que a cobrança dos impostos não recaísse toda de uma vez no mesmo lugar e não gerasse revolta. Tal como hoje, o império coloca funcionários administradores para governarem em seu nome. Quirino era lacaio de César para explorar e tiranizar o povo de Deus. Quem são hoje César e seus lacaios que tiranizam e exploram o Povo de Deus?

- Ajuda-nos Senhor para que jamais sirvamos aos interesses dos poderosos, e sim ao vosso interesse que é a vida plena dos pobres.


3 Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. 

O povo além de ser obrigado a se cadastrar, era obrigado a se locomover por sua própria conta, para atender as exigências do dominador que mandava no seu país.

- Quem deveria ajudar ao povo, aumenta sua aflição, sua tribulação.

 4  José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, até à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, 

José era da família real, Maria também. O rei Davi era um rei pastor, figura prévia de como seria o verdadeiro rei do Povo de Deus. Nazaré tão pobre que nem constava dos mapas da época. Galiléia, região da periferia, dos pobres, dos bóias-frias. Belém, a menor das menores das cidades de Judá, mas de ti sairá um rei que apascentará para sempre o seu povo.

- O que é pequeno e desprezível para os poderosos deste mundo é sinal de contradição e sinal da glória de Deus. Estejamos sempre além das aparências e vejamos o valor das pessoas com os olhos de Deus!


5  para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.

Maria. Mãe de todas as mães. Carrega no ventre a esperança do mundo, na garganta o grito dos excluídos, no coração a libertação dos pobres. Grávida das lutas dos povos todos, é a mestra guerreira  das lutas justas e da paz.

- Maria, mãe de Deus e nossa mãe, rogai pelos povos sofridos da América Latina e da África. Ensina a partilhar, como na cancã, ensina a não cansar..



6 Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto, 

O tempo da espera acabou. A luz se faz na escuridão da humanidade. Eis que um menino revolucionará o mundo, e depois dele, os poderosos já não dormirão em paz, nem os ricos suportarão sua consciência. Será como pedra de salvação para os perseguidos, os humilhados, os destituídos. Será escândalo e condenação para os exploradores e poderosos deste mundo. Ai de ti César, pois eis que nasceu um rei de verdade, e seu reino não terá fim!

- Senhor, faze-nos cidadãos de teu Reino. Dá-nos força e coragem para lutarmos por ele.


7 e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa.

O Adão da nova Criação. Enquanto o primeiro nasce num jardim das delícias, este, o Adão definitivo, nasce numa manjedoura. Antecipa sua doação, sua misteriosa vocação de ser o alimento da humanidade renascida.
Maria no-lo deu. Continua, nos dando, as Marias de todos os tempos, gerando os benditos frutos dos seus ventres. São os Jesus que estão pedindo um lugar para nascer e viver. Há lugar para eles dentro de nossas casas?

- Que a nossa casa, nossa vida, estejam sempre abertas a acolher os mais necessitados, figuras vivas do presépio vivo.
    
    
 8 Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta  do rebanho.

Os pastores, desprezíveis seres, sem propriedade, sem eira, pobres marginais que dormem ao relento. Não têm cultura, nem bons modos. Dizem que fazem pequenos furtos. Tomam conta das ovelhas dos proprietários, ofício de quem não tem qualificação. Ninguém os convida para suas casas, nem querem seu convívio, são enxotados da sociedade.

- Fazei que reconheçamos nos pobres os pastores de hoje.

 9 Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. 

Tanta gente importante para Deus se incomodar em avisar o nascimento do seu Filho único. Acordem o imperador de Roma, o rei da Judéia, os sumos sacerdotes, os generais, os senadores e cônsules, as senhoras da corte, os grandes proprietários, os intelectuais, os doutores da lei! Para que avisar a esses maltrapilhos pastores, mal cheirosos e sujos?

- E nós, como tratamos os desempregados, os pedintes, os indigentes ?

10 Mas o anjo disse aos pastores: "Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo:

Que boa notícia será esta que só aos pobres é anunciada? O povo precisa de alguma notícia boa. As que os homens e as mulheres deste mundo lhes dão, são sempre notícias ruins: é carestia, é violência, é miséria, é perseguição. Que notícia será esta que será de uma grande alegria para todo o povo?

- Dá-nos também de beber desta Boa Notícia, Senhor !


 11 hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor.

Hoje, na cidade do rei pastor, a menor das cidades de Judá, nasceu para vocês um Salvador, enviado por Deus, o próprio Deus, que vem pessoalmente viver no meio de seu povo, que armará sua tenda entre seu povo e que caminhará junto ao seu povo. Vocês já não precisarão mais de sacerdotes que ofereçam sacrifícios por vocês, nem de templos majestosos, nem de reis que governem vocês em nome de Deus, nem de exércitos, pois o próprio Senhor estará logo ali, pertinho, comendo e bebendo com vocês, sofrendo com vocês e se alegrando com vocês.


- Senhor, deixe-nos ir ao teu encontro !

 12 Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um  recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura."

Que grande sinal nos darás, oh anjos de Deus? Terremotos, cataclismos, tempestades, trovões, relâmpagos, chuvas de fogo?
Apenas um menino recém-nascido, pobre, com sua mãe e seu pai também pobres, envolto em faixas de panos baratos, deitado num lugar onde o gado vem comer. Embora pareça frágil este sinal é perpétuo. É nas mediações de vidas frágeis que Deus manifesta sua salvação. É nos pobres que Deus se apresenta, e só através dos pobres encontrarão a Deus.

- Vivenciamos todos os dias os sinais de Deus nas nossas vidas e não percebemos. Abri nossos olhos, nosso coração e nossa mente, para Ti perceber entre os pequeninos ao nosso redor!


13 De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo:   

Anjos são mensageiros. Todos e todas que trazem em suas vidas palavras, sinais e principalmente ações concretas da vontade de Deus, são anjos verdadeiros. Não procuremos, pois, anjos nas alturas infinitas nem em misteriosas conjurações de astros ou sinais, os verdadeiros anjos estão ao nosso lado no dia a dia de nossas vidas, em carne e osso, preocupando-se com as necessidades dos outros.

- Faze-nos  mensageiros de Tua Boa Nova para todos! Cantemos diariamente uma canção de serviço e humildade, servindo ao outro!



14 "Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados."


A glória de Deus é o ser humano feliz em sua plenitude de potencialidades. A glória de Deus consiste em que não haja necessitados entre os homens e as mulheres, de qualquer lugar, religião, raça ou idade. Assim haverá a paz em plenitude. A paz de Deus.

- Senhor, dá-nos tua paz, hoje, no Natal e sempre!



15 Quando os anjos se afastaram, voltando para o céu, os pastores combinaram entre si: "Vamos a Belém, ver esse acontecimento que o Senhor nos revelou." 

Após a experiência de Deus é necessária a comunhão de intenção, de gesto, de atitude. Os pastores tomam a decisão que mudará suas vidas para sempre: ver Jesus. Antes combinam tudo de comum acordo. Procurar Jesus requer comunidade. Ir a Belém é ir ao encontro dos nossos irmãos. Só se chega a Belém através da solidariedade.

- Senhor, faze-nos unidos em comunidade, pois só assim encontraremos a Ti e seremos capazes de fazer tua vontade!




16 Foram então, às pressas, e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura.

Encontrar a Sagrada Família foi resultado de uma experiência de fé, de uma atitude comunitária, de uma disposição interior de seguir o anúncio de Deus. Encontrar Maria, José e o Menino Deus é uma emoção indescritível. Antes de podermos olhar para eles em plenitude, devemos procurar olhar as outras famílias humanas como se fossem eles: famílias sem teto, na rua. Sem comida. Famílias sem pai, cuja mãe é pai ao mesmo tempo. Até famílias sem mãe, que são os meninos de rua. A partir dos olhos do pobre poderemos contemplar, livremente, a Sagrada Família, que existe em cada ser humano. 

- Senhor, mostra-nos a sagrada família que há em cada esquina de nossa cidade e nas periferias, pois assim estaremos vendo Maria, José e a ti, menino ainda.


17 Tendo-o visto, contaram o que o anjo lhes anunciara sobre o menino.

Portadores da palavra de Deus sobre o menino, os pastores transcendem em muito suas vidas simples e limitadas. A ação misteriosa de Deus transforma a vida das pessoas.

- Esperamos Senhor a ação do espírito sobre nós, para que nossas vidas sejam transformadas em vidas de serviço.



18 E todos os que ouviam os pastores, ficaram maravilhados com aquilo que contavam.

Os primeiros evangelizadores do mundo! Simples pastores realizam maravilhas depois de tocados pelo encontro com Deus. Analfabetos, sujos, sem propriedade, sem dinheiro, marginalizados da sociedade, evangelizam como ninguém!

- Faze-nos dignos de ser evangelizadores, não de palavras apenas, mas de ações concretas!


19 Maria, porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração. 

Maria, doce Maria. Entrega total à vontade do Pai. Guardando e aguardando tudo no seu coração. Admirada e encantada. Misteriosa essa a vontade do Pai que deixa seu filho nascer numa estribaria, e que é visitado por pastores na noite.

- Maria, nossa mãe, roga por nós!


20 Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido, conforme o anjo lhes tinha anunciado.

Sejamos nós como os pastores. Achemos sinais de Deus nas pequenas coisas. Alegremo-nos com o Natal. Escutemos as palavras dos mensageiros. Acolhamos a família humana nas suas necessidades de abrigo, carinho, refeição. Demos glória a Deus como nossas orações e ações. E assim possamos ver Jesus.

- Vendo Jesus, estando com Ele ao nosso lado, no eterno Natal de nossas vidas, seremos abençoados, hoje e sempre!
    

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