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domingo, 16 de outubro de 2011

O Tango da Morte

Já que estamos refletindo sobre a Vida e a morte vou postar esse texto, baseado na experiência de dois amigos, e em fatos reais, além da música inesquecível de Raul Seixas.






O Tango da Morte

Este texto vai dedicado a dois amigos, Fernando e Harlan, pela experiência um tanto mística, pela qual os dois passaram. O título é emprestado de uma música de D. Raulzito (Raul seixas) da década de setenta. Ora, aconteceu que tendo morrido um senhor de nome não registrado, quando de suas andanças por Goiana e Maragogi, e tendo havido uma disputa pelo corpo para que o velório fosse consumado nas duas cidades, uma vez que o falecido tinha duas famílias, por sinal bastante grande para os moldes atuais, nada menos que doze filhos cada uma, na mesma proporção de macho e fêmeas, embora em ordens distintas, fato que lhe facilitou a vida, pois alcunhou os rebentos com mesmo nome para evitar transtornos com as respectivas patroas, e tendo falecido ao realizar um sonho antigo de percorrer os caminhos reais de Sua Alteza Imperial o Príncipe Regente, D.Pedro II, quando de sua passagem pelas plagas pernambucanas (naquela época Maragogi e muitas outras principescas paragens eram pernambucanas), nosso herói que bilocava agora entre um velório e outro, estava com a alma errante, nesta disputa familiar. Pois assim sucedeu-se que caminhando com algumas mulas e alguns serviçais o homem teve um passamento, perto do sítio, denominado Poço de propriedade do Sr. Lindoso, bem perto donde Pedro o segundo imperador nosso, ainda bem jovem, deu a honra de beber alguns goles dessa água fresca, há mais de um século.
Os serviçais do homem dos velórios a que alude essa nossa história correram para avisar a família, ou melhor às famílias. Um, ali perto para a praça principal de Maragogi, naquela época então ainda de coqueiros sem fim e outro, montado num cavalo malhado foi até Goiana, já perto da Paraíba.
Acontece que a família de Maragogi, adiantando-se, devido à proximidade do fatídico acontecimento, fez a encomendação do corpo ali na Câmara Municipal e o enterrou após as cerimônias de praxe como manda a etiqueta fúnebre, no cemitério aprazível daquela cidade, quase à beira mar. Mal o corpo descia à terra do campo santo a outra família veio buscá-lo. Não precisa dizer a grande confusão que se armou naquela pequena comunidade praieira. O fato é que até hoje, passado tanto tempo ainda as comadres falam no assunto. É fato também, e está registrado no cartório de lá, que o corpo foi exumado e levado para outro velório em Goiana. É fato também que entre brigas, ódios e amores filiais, pois o sangue fala, às vezes grita, os vinte e quatro irmãos e irmãs se conheceram naquele quebra cabeça familiar. Mas isso são coisas do século passado e nos leva a algumas lições: não devemos seguir os passos reais pois nosso sangue é vermelho e o coração é fraco, não tenhamos mais de uma família e a terceira é que devemos deixar que os mortos enterrem seus próprios mortos. Pois bem, a história de meus dois amigos começa agora, e por mais inverossímil que possa parecer, aconteceu.
Nada sabendo desses fatos antigos, o jovem Harlan, de férias na casa de seu amigo em Maragogi, após um exaustivo jogo de bola que durara a tarde toda e acabara ao entardecer, nas areias do mar por trás da casa de Fernando, e tendo a madrinha deste chamado para o banho e a janta em seguida, e tendo assim acontecido, e já descansando, perto até de dormir, sem saber agora precisar as horas exatas, mas segundo relato dos próprios, era perto de meia noite, ouviram um assovio, desses que parece uma pessoa chamando outra bem baixinho entre os dentes ...psiu.... Olharam um para o outro, as camas ficavam próximas, e ao invés de procurar saber quem era, se encolheram na cama, silenciaram e fecharam os olhos, com o cobertor cobrindo até a cabeça. Até rezaram com mais fervor. O psiu insistiu. E mais. E mais uma vez, aumentando de volume.
Psiu insistente aquele. Vencendo o medo inicial descobriram as cabeças, acenderam a luz e ficaram quietos como dois túmulos. Psiuuuuu. Ninguém. A casa térrea, nos fundos o quintal que praticamente emendava com a areia da praia. Uma pequena cerca de arame farpado sem serventia e o vento soprando nos coqueiros. Psiu...mas não era o vento com pediram a Deus que fosse. Naquela noite não dormiram.
A manhã demorou tanto a chegar que aos primeiros raios de sol pularam da cama, escovaram os dentes, lavaram o rosto, e as empregadas que acordavam cedo (havia uma espécie de babá Fernando e uma outra para o amigo) estranharam a dupla tão cedo em pé. Fernando não ousava perguntar, mas Harlan perguntou à dele “você ouviu alguma coisa ontem à noite?” Não, foi a resposta.
Aquele ‘psiu’ não saiu da cabeça deles durante todo o dia. A noite chegou com toda carga de assombração que uma noite carrega. A mesma voz, ou melhor, assoviu, se fez ouvir: psiuuuu. “Me deixe em paz!” disseram os dois. “Sai daqui!”
Psiu.Psiu. “O que você quer?” Os dois rapazes estavam cheios de coragem naquela noite. Talvez fosse o desespero. Quando perguntaram, esperavam ouvir que resposta? Certamente não queriam nenhuma. Queriam se ver livres daquela voz importuna.
“Quero me enterrar..............”

A morte pode se apresentar de várias maneiras. Na música de Raul ela se apresenta a ele na forma de mulher dançando um tango. Poderá vir como uma valsa numa mulher suave, ou num bolero numa mulher com um vestido decotado cheirando à gardênia, ou ainda numa mulata sambando numa laje, ou numa monja em canto gregoriano. Será com numa paraguaia ao som de uma guarânia? De qualquer maneira nunca é bem vinda.

Quando os rapazes ouviram o desejo da voz, se arrepiaram. Arrepiaram-se mesmo. Só não choraram porque a educação deles era machista demais. Tremeram na base.
Ficaram ali parados sem saber como continuariam o diálogo funéreo, por assim dizer. A voz parecia esperar.
“Querrrrrrrrrr se enterrarrrrrrrrrr aondeee?” Harlan foi um pouco mais corajoso nesta hora. “O problema é esse. A metade em Goiana”. Aí foi demais. Fernando olhou para o amigo e disse: “o problema é contigo, ainda bem”.
“Por que em Goiana?” falou a voz gutural. Fernando já se encolhera mais ainda debaixo do lençol, rezando baixinho, e dando graças a Deus que a alma era pernambucana. Ledo engano temporário.
“Estou enterrado aqui em Maragogi, mas quero que minha metade vá para Goiana”...”pelo amor de Deus, seu moço, vá descansar em paz, nós mandamos rezar quantas missas o senhor quiser” propôs Harlan tentando negociar com o além. E Fernando rezando. “Mas eu estou dividido. Não posso descansar em paz enquanto minhas famílias não estiverem paz aqui comigo. Estão brigando aqui na eternidade”...
Harlan continuou o diálogo “o que o senhor quer que eu faça?” “Você e seu amigo aí, devem levar metade de meus ossos para Goiana”.

Na música, O Tango da Morte, D. Raulzito pede que ela venha com seu melhor vestido e que deixe ele tomar seu último gole de whisky.

Fernando sentiu um frio nas entranhas. Balbuciou um quase inaudível “Euuuuu......?” “Mas Harlan, a parte dele já não está aqui quietinha aqui em Maragogi?” “Fernando, você está nessa comigo” “Eu mesmo não. Nem de cemitério eu gosto”.
A voz continuou esperando uma decisão dos amigos. Até que se pronunciou. “Espero vocês no cemitério, sexta feira. Minha história está lavrada no livro dos mortos daqui. Ano de 1912, Nepomuceno Fragoso”.
Não precisa se dizer que aquela noite foi uma noite insone.

E Raulzito continua na sua música, mais ou menos assim: Morte, Morte, que levas a vida do homem, do cachorro e do coelho, tão poderosa, que talvez sejas a única razão dessa vida.

Os dois amigos quase não falavam pela manhã. Em Maragogi havia muitas histórias e lendas sobre botijas, almas penadas, velórios inacabados, em Goiana também. O mingau da manhã que as babás prepararam não foi tomado, o que provocou um reboliço na madrinha de Fernando e outras tias, pois para elas, ele tinha ainda uns cinco anos de idade, e o amigo ia junto. Se não comessem não podiam sair para jogar bola, nem ir para praia. Não sabiam elas que o destino dos dois era outro.
Engoliram o mingau, comeram dois biscoitos e foram para o cemitério. Entre o medo e a curiosidade, chegaram à base do pequeno monte onde está o campo santo. Aquela área no início pertencera à família de Fernando. O porteiro do cemitério que também era o escrivão e o coveiro conhecia Fernando desde que esse nascera e também a Harlan, pois ele vinha muito nessa cidade. Com medo e gaguejando Fernando pediu para ver o livro. Pediu para Harlan ler e procurar o obituário de 1912. Lá estava realmente o nome de seu Fragoso. Não fora alucinação. A alma tinha razão! O porteiro ficou curioso. Então os rapazes lhe contaram a história da assombração. O homem só fazia rezar e se benzer com o sinal da cruz.
Como a história de Nepomuceno era por demais conhecida pelos antigos, o porteiro/coveiro lembrou que seu avô já falava nela, inclusive que o poço onde o imperador bebeu água ficava no sítio de Fernando. Quem sabe se esta era uma das razões da alma ter vindo pedir ajuda a eles? Harlan questionou o amigo.
O coveiro disse que era impossível retirar a metade dos ossos de qualquer defunto e levar para outro cemitério. Seria uma violação e podia dar até cadeia. “Talvez nem osso haja mais, devido o tempo desde o enterro. Mas se vocês quiserem ver onde fica, eu acho que é por aqui”. Nenhum dos dois queria ir ver, mas a curiosidade falou mais alto. Aí foram. Era uma pequena lápide, quase ilegível. O túmulo quase todo afundado. O lugar dava arrepios nos amigos.
Eles voltaram para casa aliviados, pois como não podiam retirar a metade dos ossos de alguém, tinham essa desculpa para a voz. Assim pensavam. E foram para a praia, pensando que a lógica humana se aplica às almas. Harlan já estava pensando em voltar para Goiana, levando o amigo, pois lá em Ponta de Pedras o mar estava mais tranquilo.
Qual o quê?
Mal deu 18h os dois começaram a ouvir uma música, ainda estavam caminhando pela praia. Era como um tango. Estranho, pois por ali ninguém ouvia tango. O que estava na moda era a Jovem Guarda. O som não vinha de lugar algum, mas que eles ouviam, ouviam. Correram para casa. A madrinha de Fernando colocou uma bacia de água quente para eles lavarem os pés, conforme instrução para as duas babás. A janta servida, foram obrigados a comer tudo. Harlan esboçou a idéia de irem para Goiana até o restante das férias. Foi como um sacrilégio. As madrinhas, tias, babás, outras empregadas caíram em cima perguntando o que estava errado, se estava faltando alguma coisa, que Fernando passava o ano inteiro longe delas e as férias deveria ficar ali, etc...essas coisas de filho único.
A noite veio. E veio mais pesada ainda. Resolveram os dois, tacitamente, não dormirem. Puseram a vitrola para tocar música de Roberto Carlos e Raul Seixas a todo volume. Chamaram umas meninas da vizinhança que ficaram com eles até umas 22h. Um pouco de rum com Coca escondido da madrinha. E ficaram ali, praticamente esquecidos daquela aparição, sonora. Já estavam quase pegando no sono, perto de meia noite, como usam acontecer as aparições.
Psiu....psiu....Pularam do sofá e da rede, o outro. Psiu...psiu..insistiu. “Pelo amor de Deus, disse Harlan, a gente não pode mexer nos seus ossos” “Se fosse fácil eu não pediria a vocês”. “Vá embora, peça a outro” “Não. Eu morri na terra do seu amigo aí, calado, e sua família mora na casa que foi minha, e também tem uma bica que o imperador bebeu”. “Aquele sítio nem era meu. Eu não tinha nascido quando o senhor morreu” disse Fernando se enchendo de coragem.
“Vocês vão  levar um frade para rezar na minha cova. Depois, de noite quando não houver ninguém por perto, vocês cavam e separam os ossos. Podem deixar a parte de cima aqui e a parte de baixo levem para Goiana e enterrem no ossuário da minha família”. Voltaram a ouvir a música com um tango.
“Deus me livre Harlan. Prefiro morrer.” “Eu também Fernando. Deus me livre”. E a música foi ficando mais forte. Era um tango, desses bem vagabundos, de fundo de quintal argentino.

A morte pode vir como num batuque e uma negra de Angola rodopiando. Pode vir com dor, como numa música dessas de roedeira, ou suave e serena como uma valsa vienense.

Pela manhã correram para a Igreja. Geralmente o pároco morava lá mesmo na casa anexa, porém ele estava viajando. Estava chegando um franciscano para realizar um período de missões. Muito hábil com as palavras, perguntou aos rapazes o que eles queriam. Não contaram a história toda, pediram, até imploraram que o franciscano fosse até o cemitério fazer uma oração na tumba do Nepomuceno. Depois de muita insistência, Fernando e Harlan convenceram o bom frade a ir com eles à tarde.
O frade continuava achando estranho, mas era período de missões e foi até lá. O porteiro arregalou os olhos e desconfiado ficou de longe olhando. O frade não gostava muito de cemitérios nem de defuntos, mas eram ossos do ofício. Saiu o mais rápido possível. Chegou em casa, tomou um banho e respirou aliviado. À noitinha escutaria uma música de agradecimento, dessas que não tocam na rádio. Saiu de Maragogi até hoje.
A primeira parte do trato com a aparição havia sido cumprida, talvez ela se desse por satisfeita.
“Psiu...psiu...Bom trabalho meninos. Não sabem como foi bom aqui depois que o frade fez a oração. Agradeci a ele, mas ele não respondeu. Falta a segunda parte do nosso trato” “Por favor deixe a gente em paz. Já fizemos uma parte. Vá procurar meu primo Djalminha ou Bosco ou qualquer um, que eles gostam de alma. Fazem parte até da Irmandade das Almas” Fernando estava ficando íntimo das almas. “Não Fernando os escolhidos foram vocês dois” “Nós declinamos de tal honra. Meus primos ficarão muito felizes em prestar tal serviço. Tem um que até encomenda corpos quando o padre não está. André. Uma alma muito boa. Você vai se dar bem com ele”.
Não teve jeito. Sexta feira se aproximava.
Os dois amigos já haviam passado do estágio de apavorados. Estavam chegando à demência. Resolveram apostar em nada fazer e esperar para ver o que acontece, afinal uma alma não tem poder nenhum sobre os corpos dos outros, vivos. Assim ensinaram no catecismo.
Sexta feira pela manhã. O coração dos dois pulsava acelerado. Desconfiados foram à igreja e esperavam passar o dia todo por lá. A madrinha desconfiou de tanta santidade e foi atrás deles. Perguntando o que eles tinham feito nada conseguiu saber. Por via das dúvidas mandou que fossem jogar bola na praia. Eles não arredaram o pé da igreja. Deviam estar doentes ou de olho em alguma beatinha.
Por via das dúvidas da parte deles, arrumaram um pouco de água benta, um saco de lixo desses pretos. A pá e o carrinho de mão havia no próprio cemitério. Quando deu meio dia o sino da igreja tocou sozinho, pois não havia mais ninguém por lá além dos dois amigos. A cidade não notou, mas os dois saíram correndo em direção ao cemitério, quase que inconscientemente. Pararam perto. O porteiro/coveiro saíra para almoçar e tomar aguardente, pois era sexta feira, véspera de sábado e fazia um bom tempo que ninguém morria por ali.
“Se a gente conseguir pegar os ossos, como vamos levar para Goiana?” “Eu mesmo não levo, Deus me livre” disse Harlan. “Eu também não”. E para que estavam os dois ali bem na entrada do cemitério com um saco preto na mão? Só Deus sabe o que o medo faz com a gente. A madrinha e as babás já procuravam pelos dois na praia, na praça e nada.
Quando ouviram o grito de uma delas, entraram no cemitério e se esconderam por detrás do muro. A pá dormia encostada no mesmo muro. A cova de Nepomuceno logo ali adiante. Eles dois sozinhos e as sepulturas. Parecia um pesadelo. Parecia a música de D. Raulzito:

Eu sei que determinada rua que eu já passei,
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela ultima vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida?
Existem tantas... um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto
A anestesia mal aplicada.
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que es tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Às vezes a salvação vem de onde menos se espera, ou será que esperamos errado, ou ainda, que não sabemos esperar? Tudo é uma questão de fé. Acontece que o primo de Fernando, chamado André, que não era tão bom assim, já há algum tempo estava seguindo a ele e a Harlan. Na sua cabeça imaginava que estivessem atrás de uma botija. Nesse exato momento, o referido André se encontrava espiando e viu quando os dois entraram no cemitério. Viu quando Harlan tremendo de medo segurou a pá e foi começar a escavar a cova de Nepomuceno. Não se contendo, André pulou o muro, atacou Harlan e lhe tomou a pá. Começou a cavar. Aproveitando esse “enviado” os dois amigos desapareceram dali e o deixaram cavando a sua ganância.
Alguns dias depois André foi encontrado preso à cova do velho Nepomuceno, segurado no tornozelo pela mão óssea do finado, e nunca mais se ouviu falar nesta história.

Assuero Gomes

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