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domingo, 18 de dezembro de 2011

A doce flor da Juventude

                                                                             Bromélia


A doce flor da Juventude

O trigo antes de ser pão é um grão e o grão antes de ser trigo é uma flor. É a juventude do pão. O mesmo ocorre com o vinho, que antes de ser vinho foi uva, que foi flor da videira, que é a juventude do vinho.
Para o encontro se prepara a mesa e a amada a cobre com carinho e toalhas de renda e dispõe os pratos e os copos com esmero e verifica com devoção se estão limpos, e prepara os lugares um juntinho do outro, e os guardanapos quase se entrelaçam como as mãos se entrelaçarão mais tarde.
O amado, por sua vez, escolhe a melhor roupa, se prepara ao espelho, escuta o próprio coração pulsar, e alegre colhe uma flor que enfeitará a mesa do encontro. E as horas demorarão a passar, até o momento do encontro e os minutos correrão como eternos.
É a juventude do amor.
E se ele não gostar do vestido? E se ela achar o perfume muito forte? E se ele demorar-se muito? E se ela ainda não estiver pronta? E os pés do amado voam ao encontro da amada, e seus corações pulsam numa harmonia de ansiedade e alegria.
Imaginem se ele estivesse perdido e dado como morto, desaparecido, e ela sem esperança de encontrá-lo com vida.... qual não seria a felicidade deste encontro após a notícia de que fora encontrado em plena saúde! Esta é a doce flor da juventude da vida, onde a descoberta do outro começa, onde o encontro se faz eterno como um verso precioso.
Qual saboroso o vinho deste encontro, qual delicioso este pão partilhado entre pessoas que se amam ao infinito! É a juventude da celebração do amor.
Quem não deixaria tudo para trás para viver um só instante deste momento de encontro?
A refeição completa se inicia já na espera silenciosa do encontro. A música na sala, terna melodia que recorda os momentos vividos juntos e os que hão de vir. A campanhinha toca na porta, que a amada corre a abrir, e então abraça e beija o amado. E trocam encantos e palavras. E se olham e se afagam. E já não há defeitos nem falhas entre os dois, já não há o que perdoar, pois tudo é amor.
Vão planejar o futuro, vão dar novo sentido às suas vidas. E verão na imaginação e no coração os filhos e as filhas correndo livres como o vento matinal, e brilhando como a aurora boreal no firmamento dos dois.
É a juventude do futuro, a doce flor da juventude do futuro. Nessa visão vêem seus filhos brincando com os filhos dos amigos, num jardim onde não há ricos nem pobres, nem muros nem arames, nem mesmo espinhos nos roseirais.
Nesta refeição se amarão. E serão poesia pura um para o outro.
E não haverá vinho nem pão mais saboroso em todas as suas vidas, nem momento mais feliz que se almeje, como esta refeição.



Assuero Gomes







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