Todo ano é novo quando o fazemos de novo. Um novo tempo a cada momento, em cada instante em cada esquina da vida, em cada tempo, pois há um tempo de arar, semear, e colher como nos ensina a Palavra.
Que esse novo tempo que se aproxima nos aproxime cada vez mais!
Paz e bem!
domingo, 30 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Uma mensagem de Natal
Uma mensagem de Natal
Acreditar
num Deus que se esvai em sangue e dor dependurado numa cruz, um Deus se
apresenta menino recém-nascido numa noite estrelada entre os pobres, um Deus
que se faz vinho e pão, é ter certeza que o impossível é a possibilidade de
Deus e que não estamos sós mesmo nas noites mais escuras de nossas vidas e nos
dias mais luminosos.
Paz e alegria para todos os irmãos e irmãs que conseguimos
agregar na caminhada de nossas vidas rumo a Belém, a Casa do Pão.
Assuero
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
D. helder e o Tempo...
Como será que o Dom está enxergando o tempo lá da
eternidade, onde não há tempo? Lá de onde tudo está realizado na perfeição da
felicidade plena, profunda e luminosa, onde não há choro nem lágrimas, onde as
paralelas se encontraram, onde as mágoas se diluíram, onde o cordeirinho brinca
com o leão.
Caminha o Dom pisando delicado por sobre as estrelas do
manto de Maria, nos trigais eternos com Francisco, na companhia de seu anjo
José?
Enquanto a saudade campeia em nossos corações podemos
saborear gotas do mel de sua presença, talvez salpicadas da eternidade e já
escritas antes da partida. O poeta derrama seus versos sobre nós como uma chuva
benfazeja, a mitigar a aridez da ausência.
Oferecemos a você meu irmão, minha irmã, um pouco da água
dessa fonte, para regar nossos dias nesse ano que se inicia, sob as bênçãos de
D. Helder Camara, o eterno Dom de Olinda e Recife.
Assuero Gomes.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
A última viagem do Elefante Cego
A última viagem do Elefante Cego
O condutor do Elefante Cego, como
um pastor, chegou antes nos verdes prados. No seu passo lento o paquiderme,
ensaiava a Cegueira, quando lia o Evangelho segundo Jesus Cristo, nos jardins
do Convento, transformado em memorial.
Foi no ano da Morte de Ricardo
Reis, quando este, pensando em estar singrando os mares de Camões, numa Jangada
de Pedra, para escapar do Cerco de Lisboa, procurou a Terra do Pecado, mas esta
na verdade era a própria Caverna, esta terra, onde se refugiou. Na sua
estrutura pesada e tendo a cegueira como guia, foi imprescindível que o
condutor com toda sua lucidez, Levantando do Chão, guiasse o elefante na sua
última jornada.
No seu caminho, muito à frente do
animal, o condutor recebeu pedras, em vez de diamantes, do seu irmão Caim. Seu
irmão, sangue do seu sangue verde vermelho, que rasgando o Ensaio sobre a
Lucidez, preferiu As Intermitências da Morte, e quis condenar o condutor a uma
grande e medieval fogueira inquisitorial.
Escapando, para jogar mais luz
sobre o elefante, tentando restituir-lhe a visão, foi refugiar-se em terras de
Cervantes, onde teve boa acolhida, entre primos da casa ibérica, talvez na ilha
de Sancho Pança, talvez nas páginas do Conto da Ilha Desconhecida, entre a
aridez da terra e dos homens.
O pastor-condutor finalmente
alçou vôo e desvencilhado do peso do seu rebanho de um único e pesado
quadrúpede, mergulhou na luz.
Banhado em luz, livre de toda
presença obscura, viu plenamente.
Levava na sua pequena valise os
óculos grossos, que já não mais necessitava, as anotações de Lanzarote e suas
Pequenas Memórias, em Apontamentos. Embevecido de luz lembrou da sua pequena
Bagagem de Viajante, viajante Deste Mundo e do Outro. Trazia na lapela, com
orgulho, um pequeno martelo e uma foice, tão carcomidos e desgastados pelo
tempo, que quase não se via mais.
“Dar luz aos cegos é prerrogativa
de Deus” disse-lhe uma voz feminina, doce e suave “Mesmo para aqueles que não
acreditam Nele?” perguntou o pastor de elefante “Especialmente para aqueles que
não acreditam Nele” “E o meu elefante, como caminhará na sua escuridão?” “O
elefante é pesado e teimoso. Pensa que tudo pode devido à sua força e à sua
tromba, mas caminha para o Abismo” “É porque é cego e não vê” “Ele não vê
porque é cego, no entanto não sabe que é cego e pensa que vê” “Se Deus existe,
por que fez ele cego?” “Ele não é cego de nascença, ele é cego porque pensa que
vê e não sabe que é cego”.
Silencioso ficou o pastor,
extasiado que estava com tanta luz, como bálsamo para seus olhos, que se mantinham
enxutos. A voz feminina falou então “Entra, vamos ver e assistir aos ensaios de
algumas peças” “Quais?” “Podes escolher, A Noite, Don Giovanni, Que farei com
este Livro? E A Segunda Vida de Francisco de Assis, que agora mesmo a está
ensaiando com Clara” “Como permitem que ensaiem essas peças aqui?” “Gostamos de
toda Criação” “Posso ficar aqui vendo tudo?” “Aqui é sua casa. Aliás, aqui é a
casa de todos os povos” “Já estiveste na minha casa do outro lado do mar?”
“Sim, numa Viagem a Portugal. Desde então e sempre, nenhum filho desta terra
fica fora da minha proteção”.
Para os que ficamos cavalgando o Elefante, talvez um pouco mais cegos
que de costume, na despedida do último cavaleiro lusófono, Saramago.
Assuero Gomes
Escritor e Médico
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
D. Helder e o Pacto das Catacumbas
D. Helder e o Pacto das Catacumbas
Documentário sobre os 50 anos do Vaticano II, Tânia Kert, nos enviou o link. O foco em Dom Helder foi "Como ele viveu o Pacto das Catacumbas em Olinda e Recife".
http://mediathek.daserste.de/sendungen_a-z/799280_reportage-dokumentation/12577546_der-katakombenpakt-das-geheime-vermaechtnis-des
domingo, 2 de dezembro de 2012
O homem que comeu as cinzas de Ângela, sua mulher.
O homem que comeu as cinzas de Ângela, sua mulher.
Era um cirurgião plástico de renome. Começara sua vida na
batalha do dia a dia para se manter e cursar seus estudos. Vindo do interior,
família bastante pobre. Lances de vida curtos como essas frases. Uma
sobrevivência a cada dia. Uma refeição a cada corte no dia.
Tinha uma pulsão erótica quase mórbida, mas contida.
Sublimava a cada nova colega. Focado nas metas. Trabalho, estudo, profissão.
Lazer confinado no desejo impossível.
Conhecera Ângela no início da faculdade. Pálida suavidade de
brancura aristocrática. Alta e esguia. Troca de olhares e fluidos virtuais,
destes que os poetas exalam. Consumação plena em lances curtos, como essas
frases.
Casamento, pai médico renomado, como nos contos fictícios.
Ficção prenha de realidade. Situação estabilizada. Vida com respiração mais
pausada, como numa frase cheia de vírgulas e reticências. Eros mais afoito,
mais solto, mais imperial.
Foram passando, como numa leitura rápida de texto curto,
colegas de trabalho, enfermeiras, técnicas, depois pacientes e acompanhantes.
Era dourada a vida como borbulhas de champanhe. Na taça não
via Eros de mãos dadas com seu irmão Tanatos, a brincar com o destino dos
mortais. E as frase ficando mais longa, mais longa, mais longa.....quase sem
parágrafos. Era como se Cronos olvidasse a brincadeira dos Titãs com os meros
mortais.
Ângela apareceu com um nódulo na mama esquerda, aquela do
coração. Como um minúsculo ponto, numa frase que parecia eterna. Tantas mamas
ele já fizera com maestria de um escultor renascentista, tantas mamas passaram
por suas mãos e lábios e olhos. O que seria um ponto, que jamais pensado final,
talvez na base da exclamação e se muito da interrogação, mas jamais final.
Quisesse Deus uma vírgula, até mesmo um ponto e vírgula...
Um ponto é um ponto. Infinito na sua definição.
Ângela definhou. Apesar de todas as técnicas terapêuticas. E
havia tantas ângelas na sua vida, que se foram, que estão e que viriam. Tantas
exclamações que ainda galgaria!
Um dia triste, como usam ser nessas histórias tristes,
cremaram Ângela. Uma bela e hostil cerimônia sem sentido. Sentiu-se patético e
sozinho junto a tantos convidados e a tantas palavras sem assento.
No carro, ao seu lado, muda e surda as cinzas de Ângela num
hermético vasilhame de metal polido. Trajeto estranho esse na sua última viagem
com Ângela.
Garagem automática. Carro bem seguro. Casa imensa. Casa.
Frases cada vez mais curtas. Entre o dia e a noite cada vez mais cinza.
Despejaria Ângela no jardim. Mas antes, bem logo antes que ultimasse o gesto,
abriu o utensílio e comeu as cinzas de Ângela.
Assuero Gomes
sábado, 1 de dezembro de 2012
A estátua recusada por D.Pedro II
Colaboração de Fabiano Costa
Quam bonum est et quam jucundum, habitare
fratres in unum.
Virgo
Flos Carmeli, ora pro nobis!
A
estátua recusada por D.Pedro II
E DIZER QUE JÁ
TIVEMOS UM GOVERNANTE ASSIM!!
D. Pedro II dispensou estátua em sua homenagem para priorizar a construção de escolas públicas.
A motivação parecia das mais nobres: Pela vitória na guerra do Paraguai, nosso Imperador fazia jus a uma estátua. Melhor ainda: uma estátua feita com o bronze dos canhões do inimigo derrotado. A campanha foi lançada através do jornal Diário do Rio de Janeiro anunciada de acordo com os seguintes termos no dia 19 de março de 1870:
"[...]
uma reunião em que se deliberou erigir uma estátua eqüestre ao Sr. D. Pedro 11,
como o primeiro cidadão, pela constância e tenacidade que mostrou sempre
na sustentação da luta contra o tirano do Paraguai, devendo o monumento
ser fundido no país com o bronze das peças tomadas ao inimigo. "
D. Pedro II não
esperou o dia seguinte para comentá-la. Em carta pública, causou surpresa geral
ao rechaçar a homenagem em grande estilo:
"Si
querem perpetuar a lembrança do quanto confiei no patriotismo dos brasileiros
para o desagravo completo da honra nacional e prestígio do nome brasileiro
[...] O senhor e seus predecessores sabem como sempre tenho falado no
sentido de cuidarmos da educação pública, e nada me agradaria tanto a ver
a nova era de paz firmada sobre conceitos de dignidade dos
brasileiros começar por um grande ato de iniciativa deles ao bem da
educação pública."
No Parlamento, a rejeição ao projeto da estátua chegou a ser criticada. Em maio, o senador José de Alencar (1829-1877) tratou o tema como uma ingerência do Imperador no Poder Legislativo, uma vez que já havia sido aprovado o financiamento para a elevação da imagem urbana. Nas sessões seguintes, porém, os parlamentares acompanharam a decisão do Imperador. O ministro do Império Paulino José Soares de Souza, por sua vez, manifestou na imprensa o apoio a Sua Majestade. Seu discurso alinhado com o Chefe de Estado reforçava a relação entre paz e progresso, este entendido como avanço “intelectual e moral da nação”.
No Parlamento, a rejeição ao projeto da estátua chegou a ser criticada. Em maio, o senador José de Alencar (1829-1877) tratou o tema como uma ingerência do Imperador no Poder Legislativo, uma vez que já havia sido aprovado o financiamento para a elevação da imagem urbana. Nas sessões seguintes, porém, os parlamentares acompanharam a decisão do Imperador. O ministro do Império Paulino José Soares de Souza, por sua vez, manifestou na imprensa o apoio a Sua Majestade. Seu discurso alinhado com o Chefe de Estado reforçava a relação entre paz e progresso, este entendido como avanço “intelectual e moral da nação”.
Para enfatizar suas prioridades, o
Imperador lançou, naquele mesmo ano, as pedras fundamentais das primeiras
escolas municipais do Rio de Janeiro, então Corte Imperial. Inauguradas em
1872, eram elas a Escola São Sebastião (posteriormente chamada Benjamin
Constant e demolida em 1938 para a abertura da Avenida Presidente Vargas),
localizada na freguesia de Santana, e a Escola São Cristóvão (depois chamada
Gonçalves Dias), localizada no bairro de mesmo nome. Durante as décadas de 1870
e 1880, seriam criadas outras seis escolas municipais na cidade. O que não quer
dizer que o imperador estivesse esbanjando recursos públicos: somente uma de
todas essas escolas consumiu verba do Estado em sua construção, sendo as outras
sete viabilizadas por contribuições particulares ou por subscrição pública. E
sempre envolvidas pela solenidade imperial: D. Pedro II fazia questão de estar
presente e participar tanto dos rituais de lançamento da pedra fundamental
quanto das inaugurações.
Não seria exagero dizer que a mais
recorrente representação do Brasil monárquico é a imagem de D. Pedro II.
No entanto, há poucas esculturas públicas do longevo imperador. Uma das
peças mais conhecida pode ser considerada escultura abaixo
inaugurada em 1911 e que representa o
Imperador de modo civil, numa postura contemplativa e serena, lembrando os
retratos do liberal intelectual.
Curioso é que a imagem foi produzida
não no período imperial, mas na primeira metade do século XX, numa evidente
manifestação de saudosismo que se confunde com a identidade construída em torno
da cidade de Petrópolis. Em 1925, por ocasião do
centenário do nascimento de D. Pedro II, inaugurou-se um busto na estação
ferroviária que leva seu nome (mais conhecida como Central do Brasil) e uma
estátua no parque da Quinta da Boa Vista, em frente ao antigo Palácio Imperial,
já então transformado pela República no Museu Nacional.
A ESTÁTUA RECUSADA
Assim, a escultura, que havia sido
moldada em gesso por Francisco Manoel Chaves Pinheiro, em 1866, nunca
chegou a ser fundida em bronze. Mas graças ao trabalho de Conservação e
Restauração do Museu Histórico Nacional e ao apoio financeiro de sua
Associação de Amigos, foi concluída em 1999 sua a restauração da
monumental.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Viva a Vida! Como cristão....
Viva a Vida! Como cristão....
Há que se ter alegria, embora a tristeza seja parte do
caminho, há que se sofrer sem sentir dor muito grande, embora a dor seja parte
do caminho. Há que se amar sobre todas as coisas e se sentir feliz consigo
mesmo, mesmo que as falhas sejam muitas, mesmo que sejam pertinentes as
críticas, pois amado somos acima de todas as criaturas. O próximo como a si
mesmo, só darás o que tem, e o que tem é muito, pois tem o amor do Filho de
Deus encarnado em si, e olha, que esse amor é infinito!
Viva a vida como se fosse o último dia, e o dia como se
fosse o primeiro da eternidade.
Olha para o irmão próximo a você como se visse o próprio
Jesus, dá de comer a ele se estiver com fome e de beber se estiver sedento, no
entanto se aproxime dele com o cuidado que o amor exige. Se a cada dia basta
sua cruz, a vida do cristão não deve ser pesada pois alguém já carregou a sua
cruz e experimentou seus pregos e sua coroa perfurante.
O nosso lugar e nosso tempo é hoje, mas somos passageiros
entranhados nas vidas de outros que se colocam em nossas vidas, ora ajudando,
ora atrapalhando, mas sempre interagindo, numa cadeia sem fim, no presente,
passado e futuro. Nosso tempo e nosso lugar definitivo não são aqui nem agora,
mas quem os prepara, a nossa morada definitiva, é o necessitado, na medida em
que cuidamos de sua morada aqui na Terra.
A vida do cristão deve ser feliz, leve, lúdica. Comprometida
com os ideais de Jesus e com a certeza da Vida plena, muito acima de todo
sofrimento ou dor, de qualquer amargura ou ressentimento, de qualquer inveja ou
rancor.
Não se entende um cristão triste ou rabugento, mortificado,
amarrado a leis ou tradições que não soergam os irmãos e as irmãs caídas. Não
se entende um cristão que leva a vida a medir a punição e o castigo que deve
sofrer o outro porque não cumpriu algum preceito.
Não é vida de cristão a vida de quem não serve.
Devemos nos lembrar sempre de que nosso Deus é um deus
único, tremendo, majestoso, criador dos céus e da Terra, que colocou as
estrelas e os outros corpos celestiais a bailar no céu do universo, que colocou
em perfeita harmonia as partículas mais ínfimas da matéria e as galáxias, nu
mesmo plano de fluidez e leveza, como num carrossel de parque de diversões;
pois bem esse mesmo Deus se preocupa com que agasalho o mendigo vai se cobrir
nas noites de relento, ou com o preso mais ignóbil que está trancafiado nas
prisões e ninguém vai visitá-lo. É o mesmo Deus, que num momento de carinho
extremo se fez pão. Fez-se pão. Fez-se PÃO.
Sejamos pão também para quem tem fome e fonte para quem tem
sede, e alegria para quem está triste, e saúde para quem está doente, então
veremos nossa luz brilhar, nos caminhos tortuosos e escuros nas vidas dos
outros.
Viva a Vida!
sábado, 24 de novembro de 2012
Filmes que você deve assistir antes de morrer: ALEXANDRIA
Filmes que você deve assistir antes de morrer:
ALEXANDRIA
O filme relata a história de Hipátia (Rachel Weisz), filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 da nossa era. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, que passou de religião intolerada para religião intolerante, convive com o judaísmo e a cultura greco-romana.
Hipátia tem entre seus alunos Orestes, que a ama, sem ser correspondido, e Sinésius, adepto do cristianismo. Seu escravo Davus também a ama, secretamente. Hipátia não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo, à filosofia, matemática, astronomia, e sua principal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da terra em torno do sol.
Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderam, aos poucos, da situação, e enquanto Orestes se torna prefeito e se mantém fiel ao seu amor, o ex-escravo Davus (que recebeu a alforria de Hipátia) se debate entre a fé cristã e a paixão. O líder cristão Cyril domina a cidade e encontra na ligação entre Orestes e Hipátia o ponto de fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la de ateísmo e bruxaria.
No filme a atriz Rachel Weisz interpreta uma pobre mulher que não compreende a origem de tanta raiva entre os homens e simplesmente tenta canalizar as suas energias para algo de bem. É impressionante como o filme capta a mais vil intolerância e opressão e é abismal a forma como ele denuncia o desprezo do Cristianismo pela condição feminina (o que me deixa ainda mais incrédulo com o simples fato de haver mulheres que conseguem ser cristãs na atualidade)
(comentário do Google)
...........................................................................................
O filme é importante na medida em que ilumina um período inicial do domínio cristão sobre as outras manifestações religiosas e culturais e políticas. Com a "conversão" do Império Romano, fato que prostituiu a Igreja na questão do poder em detrimento ao serviço. O filme aborda a questão do conhecimento livre, da igualdade entre os gêneros, da intolerância religiosa, das ações históricas de alguns canonizados pela Igreja e também mostra que o verdadeiro FAROL de Alexandria era sua biblioteca, um farol para o mundo e uma melancólica saudade para os homens e as mulheres de hoje que querem se libertar através da sabedoria.
Assuero
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Os sete pecados do Capital
Os sete pecados do Capital
Durante a antiguidade, especialmente na época de ouro da
Grécia alguns “defeitos” ou fraquezas humanas foram elencados e posteriormente
classificados pela Igreja como “pecados” ou vícios, que prejudicariam a vida
dos homens e das mulheres. Seriam eles: a Gula, a Avareza, a Luxúria, a Ira, a
Inveja, a Preguiça e a Vaidade (ou Orgulho, ou Soberba).
Tive a alegria, e por que não dizer, a felicidade, de ver
uma belíssima pintura antiga de Hieronymus Bosch (1450-1516), no Museo deo
Prado em Madrid, a qual admiro desde a adolescência, que retrata de forma
magistral esses “sete pecados”.
Para contrapor a essas sete fraquezas, a Igreja orientou
seus fiéis a buscarem sete virtudes sagradas, nesse contraponto: Temperança,
Generosidade, Castidade, Paciência, Caridade, Diligência e a Humildade.
É evidente que a moderna ciência nas áreas da biologia,
medicina, filosofia, psicologia, sociologia e teologia, tem um olhar muito mais
abrangente que se tinha na Idade Média. Muitos desses “pecados” podem e devem
ser avaliados à luz dessas áreas de conhecimento humano.
No título desse artigo propositalmente refiro-me aos sete
pecados capitais, como “do Capital” para que possamos ter uma chave de leitura
baseada na sociedade moderna.
Apesar de todo esforço da Igreja e de seus teólogos mais
eminentes como Agostinho e Tomás de Aquino, e de sua catequese tridentina
maniqueísta e ainda de sua ameaça com as chamas eternas de um Inferno
claudicante ou de um Purgatório extremamente prolongado, os sete pecados estão
vencendo as virtudes.
No mundo atual pós-moderno, onde Deus passa a ser “algo”
indiferente para grande parcela da população intelectualmente mais
desenvolvida, especialmente na Europa, e onde o capital chega a ser adorado em
verdadeiro culto de latria e o mercado torna-se a grande igreja, vale a pena se
refletir sobre tudo isso e para onde se está levando o mundo e com ele as
pessoas humanas.
Mesmo em algumas religiões ou denominações cristãs a
teologia da prosperidade está grassando, o que não deixa de ser uma heresia
camuflada, uma vez que muda o foco do culto a um Deus único e libertador para o
culto de uma troca de “favores” ou um deus de mercado: se eu der uma oferta polpuda
receberei uma benção ou uma graça maior.
O que vejo é uma inversão de valores a tal ponto que os sete
pecados capitais são na verdade, hoje, tido como virtudes e as virtudes
sagradas como defeitos ou fraquezas.
Podemos analisar e refletir um a um e constataremos tal
fato, mas já a uma primeira vista, veremos que quanto mais rico se é mais se
caminha para o prazer gourmet, mais se torna mesquinho e indiferente para com o
próximo, mais se entrega aos prazeres do sexo (Porneya), mais exigente e
intransigente se é, mais se deseja que o outro tenha menos que você, mais se
entrega ao ócio e se acha infinitamente superior ao outro.
Para onde vamos?
Assuero Gomes
Médico e Escritor
domingo, 18 de novembro de 2012
O circo e a igreja, a igreja e o circo...
Destas coincidências que não se pode duvidar
porque quando acontecem já aconteceu e nada mais resta senão acreditar,
aconteceu em duas cidades, uma na Itália, perto de Roma outra no nordeste do
Brasil, lá para as bandas do sertão. A primeira muito rica e populosa, porém
sem jovens e muito menos crianças, a nossa, pelo contrário com muitas mulheres
e muitas crianças e muitas jovens, todas muito pobres.
Na nossa, por causa do custo para se manter o
circo que estacionara definitivamente nas suas paragens e tendo o dono
abandonado o leão por total falta de condições de alimentá-lo, foi obrigado a
abandonar também toda a troupe e suas instalações que já haviam se enraizado no
terreno seco. Na outra, a da Itália, aconteceu o contrário, um vasto prédio da
Igreja, devido ao esvaziamento de público, tornou-se praticamente sem uso e a
cúria local resolveu vende-lo. Quem se interessou como único pretendente foi
uma rica companhia circense internacional, que adquiriu o majestoso edifício, e
o transformou numa imensa casa de espetáculos.
Na nossa, a tristeza invadiu ainda mais aquela
pequena comunidade, pois o único divertimento que ainda havia eram as diárias
apresentações dos artistas, com o palhaço e suas mesmas piadas, uma bailarina e
suas varizes que já não se escondiam, o cachorro amestrado e banguelo que ao
final serviu como última refeição do leão, o apresentador com sua cartola rota,
o casal de trapezistas que vivia brigando sempre apesar de viverem juntos, e o
anão que fazia de tudo no circo desde alimentar o animal, fazer a faxina, ser dublê
de palhaço, vendedor dos ingressos e de pipocas.
Na cidade italiana a transformação da igreja em
circo não foi lamentada, pelo contrário, trouxe alegria aos velhinhos, pois as
bonitas dançarinas, de pernas torneadas, tornavam suas vidas mais felizes, os
trapezistas com os movimentos audaciosos junto ao jogo de luzes e som, ativavam
as adrenalinas dos expectadores, lembrando seus movimentos perdidos nas
artroses da vida. Animais exóticos atraíam a atenção da platéia daquele
continente cansado, fazendo com que ela, a platéia, viajasse para países
distantes, na sua imaginação... a mais recente aquisição foi um leão magro. O
próprio pároco passou a freqüentar os espetáculos quase diariamente e dava boas
gargalhadas.
Aqui no sertão, para aproveitar as instalações
abandonadas, resolveu-se criar uma igreja, pois acharam que o povo estava
vivendo mergulhado no mundo pecaminoso, cuja vida se resumia em trabalhar e ir
para o circo, sem penitência nem reflexões nem celebrações nem mortificações,
como se não bastasse a fome e a falta de perspectiva. Em pouco tempo
consertaram a lona rasgada, ajeitaram a bilheteria, venderam o leão para um
zoológico da capital que o revendeu para um circo novo da Itália. Aproveitaram
o anão para as coletas. O apresentador, agora sem cartola, para organizar o
dízimo, os trapezistas, se quisessem trabalhar teriam que se casar na igreja ou
se separar de vez, a bailarina foi proibida de fazer parte, pois mostrara suas
pernas todas as noites, e o palhaço...esse não tinha jeito mesmo, pois devido a
tantas palhaçadas que fizera no meio daquela gente foi convidado a se retirar,
porém resistiu e ficou na platéia.
No circo italiano, as roupas dos padres e
acólitos assim como os paninhos do altar, que já estavam em desuso há muito
tempo, foram doadas num gesto de caridade para a nova igreja do Brasil. Foi uma
grande honra para o nosso pároco que pode se paramentar com roupas do século
retrasado, e as vestimentas dos ajudantes e pajens serviram, com alguns
retoques, para o anão, que pela primeira vez na vida usou roupas importadas.
Foi uma festa. O problema era que o povo acostumado com o circo, queria
diversão e não penitência nem reflexão. A igreja de Roma, ou foi o circo, já não
lembro mais, orientou para que arranjassem um padre antigo já falecido com fama
de santidade e se iniciasse novenas e trezenas, espalhassem sua fama e se
abrisse um processo de canonização. Colocassem umas músicas animadas, dançassem
e louvassem com muitos gestos, todas as noites, prometessem curas e
prosperidade para todos; os que não conseguissem era por culpa deles mesmos e
de sua pouca fé. Em pouco tempo duplicou o trabalho do antigo apresentador do
circo, todos ficaram felizes e maravilhados...bem quase todos, menos o palhaço,
que cada dia mais triste chorava suas lágrimas de melancolia.
Assuero Gomes
sábado, 17 de novembro de 2012
O NATAL NÃO MUDARÁ O MUNDO
O NATAL NÃO
MUDARÁ O MUNDO
Editorial do Jornal Igreja Nova deDEZEMBRO -
1995
Na verdade o Natal, de tantas
lembranças agradáveis, fica guardado na nossa memória e se vai ano após ano,
pertencendo a um passado cada vez mais distante.
Como numa tentativa de um náufrago
desesperado, nos agarramos às lembranças tentando parar o inexorável tempo. Este
continua, passo a passo, arrastando consigo os melhores e os piores de nossos
dias. Neste período do ano, as comemorações são grandes, belas e banais....o
comércio agradece. Os pobres continuarão mais pobres e mais excluídos, os ricos
engordarão suas polpudas contas bancárias, cada vez mais internacionais, às
custas do natal.
Os filhos e netos farão um sacrifício
e ceiarão com os velhos da família, apressadamente para não perder as festas. E
o mundo acordará como ontem, porém com uma ressaca a mais.
Mas uma pequena centelha teima em
acender para tocar fogo neste mundo. Uma faísca de um nascimento na periferia,
de uma criança pobre, que não é convidada para esta festa. Sua mãe não encontra
lugar para dar à luz, e seu pai procura emprego, é migrante.
Assim como não foram convidados para
a festa, para seu nascimento ele chama os pobres, os sem-nada, os guardadores
dos bens alheios.
Ele fará uma estrela cintilar, e seu
brilho irá lentamente se infiltrando nas sombras, até que elas tenham
desaparecido completamente da face da Terra. Por causa dele, tão pequeno ainda,
muitos serão perseguidos, muitos serão injuriados e conhecerão tribulações, mas
por causa dele, também, e exclusivamente por causa dele, todos conhecerão a
glória eterna. Está na hora de escolhermos a festa: de um lado, as comemorações
descomprometidas com a vida, por outro lado, a festa do nascimento do Senhor da
Vida. Da primeira você sai até mais eufórico por alguns momentos, da segunda
você sai pleno de vida, com o coração repleto de esperança e fé, na certeza que
este mundo não será mais o mesmo, depois deste menino.
E parodiando o pensamento famoso, dirá com seus irmãos: "o Natal não mudará o mundo. Os homens é que podem mudar o mundo. O Natal apenas mudará os homens..."
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
COMO CELEBRAR O NATAL EM OLINDA E RECIFE?
COMO CELEBRAR O
NATAL EM OLINDA E RECIFE?
Jornal Igreja Nova - Editorial de DEZEMBRO
1994
Poderíamos sentar antes da ceia, e
com a família abrir um velho álbum; nele visitar os quiosques, as retretas, os
pastoris, a Missa Oficial com as autoridades militares, civis e
eclesiais.
Poderíamos pousar para mais uma
foto deste álbum, com os parentes de roupa nova, compradas na última liquidação
de algum shopping.
Poderíamos ainda, visitar presépios
ou mesmo assistir a alguma peça sacra ou procurar um Papai Noel gorducho,
pendurado na árvore de natal.
Há quem colecione cartões ou
telefonemas, quem chore de emoção nesta data, quem saia da dieta para
recomeçá-la após o Ano-Novo, quem faça três pedidos três vezes admiráveis, que
veja a Santa chorar.
Como celebrar o Natal em Olinda e
Recife?
Poderíamos ir ao templo,
poderíamos ir à Igreja, mas que Igreja?
Poderíamos fazer tudo isso; mas
preferimos abrir as janelas. É de lá, do lado de fora, que a estrela vai
brilhar; é lá, no lado de fora, que o presépio vivo está armado; é lá que o
pastoril do desespero e da esperança está sendo dançado; é lá que o novo está
acontecendo e a Igreja se renovando.
É lá, do lado de fora, que Ele
insiste em nascer! Insiste em incomodar, em questionar.
É lá, que nos interpela a
procurá-lo entre os sinais de morte: fome, miséria, violência, prostituição,
luxo, luxúria. É lá que nos desafia a encontrá-lo entre os meninos de rua, ao
relento da noite de natal.
Celebrar o Natal em Olinda e Recife
é um desafio do menino Deus que exige de nós uma resposta de fé, esperança e
amor, para que tenha sentido a renovação da vida encarnada, na realidade
histórica dos homens e das mulheres.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Padre Arnaldo, o tempo e a Igreja.
Padre Arnaldo Cabral de Sousa, 94 anos.
Vida dedicada ao sacerdócio, à formação eclesial, à Igreja e especialmente aos pobres.
Escrevi esse artigo em 23 de novembro de 2007.
Palavras atuais. Vieram do coração.
Padre Arnaldo, o tempo e a Igreja.
Converso com Padre Arnaldo Cabral
de Sousa, nesta tarde de novembro, no seu apartamento em Boa Viagem.
Encontro-me diante de um amigo, o qual me habituei a admirar, e no qual vejo
uma das mentes mais lúcidas e brilhantes que esta Igreja de Olinda e Recife já
produziu. Estou falando de uma juventude de 89 anos, dos quais 64 no ofício de
sacerdote. Novembro é seu mês, aniversário de vida e aniversário de sacerdócio.
Muitas maneiras há de se contar o
tempo, ora como contas de um terço, dedilhadas em fervorosa oração, ora como
páginas de um livro que vai amarelecendo, ora como um trem sobre trilhos, numa
férrea estrada que não sabemos bem onde vai dar.
Peço ao amigo para lançar seu
olhar sobre esta Igreja que está em Olinda e Recife e me contar o que vê, através
de seus olhos do coração, que vê por dentro e por fora. Ele me fala dos
arcebispos, com os quais conviveu e pelos quais podemos contar um pouco desse
tempo e dessa Igreja.
O primeiro, D. Miguel de Lima Valverde, do qual padre Arnaldo recém-ordenado
aos 25 anos de idade, em 1943, foi secretário particular, professor do
seminário, quando foi indicado pelo então visitador apostólico do
seminário(reitor paulistano e depois bispo D. Manuel Pedro Cunha Cintra) para
Vice-reitor e diretor espiritual, indicação esta, aceita por D. Miguel, fato
raríssimo devido à pouca idade do padre, mas que passou 5 anos neste cargo.
Padre Arnaldo guarda de D. Miguel
a figura de uma pessoa delicada, austera e respeitosa, que aceitou bem a Ação Católica
(uma verdadeira revolução na época), e que fazia suas visitas pastorais em
todas as paróquias. Era um homem pobre e sem vaidades pessoais. Vivia na
frugalidade e quem o visse nas cerimônias oficiais da Igreja jamais acharia
assim.
Padre Arnaldo lembra de um
episódio, no qual o governador do estado, Estácio Coimbra, chegou para falar
com o arcebispo, e este estava rezando o terço e não interrompeu suas orações
de maneira alguma. Aborrecido o governador se retirou. Poucos dias depois
reconheceu que ‘se um sacerdote agiu assim, era porque era um homem de Deus’.
O segundo arcebispo foi D. Antonio Morais Júnior, que veio de
São Paulo, de Guaratinguetá. D. Antonio nomeou “provisoriamente” padre Arnaldo
para a paróquia do Espinheiro, na qual ele ficou como pároco por 45 anos
ininterruptos. Deste arcebispo o padre ressalta ter sido ele um grande orador.
Tinha uma visão pastoral muito avançada para a época, se misturava com o povo,
erigiu várias paróquias nas periferias, inclusive as do Morro da Conceição, criou
um incrível “carro-capela” onde os sacerdotes podiam dar assistência espiritual
ao povo, celebrar a missa, confessar, enfim, uma capela móvel. Este arcebispo
foi injustamente apelidado de “Antonio Coca-Cola” porque se dizia na época, que
estava em todos os lugares. Era extremamente comunicativo.
O terceiro arcebispo foi D. Carlos Coelho, o qual nomeou padre
Arnaldo de volta para direção espiritual do seminário, onde ficou por mais 4
anos; dele guarda a lembrança de ter uma personalidade muito sensata, equilibrada,
discreta, de um homem simples, com profundo senso eclesial e com uma firme
opção pela Renovação Litúrgica. Um episódio pontual marca bem sua opção pelos
pobres: certa vez padre Arnaldo foi chamado por ele para uma conversa
importante sobre o seminário, durante a qual, uma velhinha bem pobre bateu à
porta do palácio. A irmã do arcebispo foi abrir e D. Carlos interrompeu seu
colóquio, mandou a senhora sentar junto deles, conversou demoradamente com ela
e atendeu seu pedido.
O quarto arcebispo foi D. Helder Pessoa Camara. Padre Arnaldo
foi seu pró vigário geral, assessorando D. José Lamartine. Sobre o Dom, não há
mais o que dizer, e tudo o que se disser é pouco. Com ele foi um relacionamento
de muita confiança e seriedade. Lembra-se padre Arnaldo de uma pregação que
estava fazendo, na presença dele e de muitos outros padres da arquidiocese. O
padre disse: “a tristeza é que nós o admiramos, mas não o imitamos...”
Pergunto sobre o próximo que há
de vir, ele se nega a fazer uma previsão. Pergunto sobre o futuro da nossa
Igreja. Seus olhos brilham e ele profetiza: acho que deveríamos transformar
tudo isso, reconstruir ao lado dos pobres, mudar esta estrutura pesada e
cansada, estar junto do povo....
Padre Arnaldo lê diariamente pelo
menos dois livros, os jornais locais e se mantêm informado sobre a movimentação
da Igreja no Brasil e no Vaticano, além de acompanhar as notícias daqui e do
mundo. Talvez tenha descoberto um dos caminhos que levam à fonte da juventude,
talvez esteja perto demais da Fonte.
Parabéns, caro amigo!
Assuero Gomes
sábado, 10 de novembro de 2012
Família
A Família
1994 - ANO
INTERNACIONAL DA FAMÍLIA
Igreja Nova - Editorial de NOVEMBRO/DEZEMBRO -1993
JANEIRO -
1994
Ao nos debruçarmos sobre o ano que se inicia, o foco de
visão é orientado para o vermos com os olhos da família. A misteriosa,
fascinante, tensa e bela família humana.
Nela se desenrola e enrola o novelo da existência,
tecida com fios de realizações e frustrações, de alegria e de dor, de vida e de
morte.
Nela existe e subsiste o núcleo pessoal que nos torna
único perante Deus e perante os irmãos e no mesmo movimento da contradição, nela
ou na sua negação existe um povo, uma nação. Ampliando ao infinito a teia
originada do trabalho e do relacionamento dos fios deste novelo, poderemos num
mesmo fio, ligar nossas existências às existências de nossos ancestrais e de
nossos descendentes, tornando o tempo e o espaço algo relativo e assim nos mover
em direção ao infinito, que na verdade é constituído de pequenos e incontáveis
finitos.
É através da família que Deus se manifesta, primeiro na
Trindade, depois na encarnação do Filho na família de Nazaré , na igreja -
família- comunidade , e principalmente naqueles marginalizados que sem família
perambulam nas ruas mendigando ou tentando reaver à força o que de partido se
perdeu de seu núcleo existencial, quando um sistema injusto lhe quebrou ou lhe
negou uma família.
Falar e pensar família num país cujas estruturas na sua
maioria estão muito aquém da fraternidade e cujo relacionamento chega a ser
fraticida, há que ser um gesto profético sem perder a ternura e sem jamais
escoar numa vala de sentimentalismo inócuo; há que se dizer como o Nazareno,
minha mãe e meus irmãos são todos que ouvem minha palavra e as põe em prática!
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
"VAMOS TODOS SER COMUNIDADE, EM CRISTO!"
"VAMOS TODOS SER COMUNIDADE, EM CRISTO!"
Texto do editorial do Jornal Igreja Nova
de Dezembro de 1992
O grande mistério do Natal do
Senhor, vem desafiando os homens de toda as épocas. Quem mais se aproximou de
uma fímbria de luz deste mistério, foi sem dúvida João, no prólogo de seu
evangelho, quando chama Jesus Palavra de Deus encarnada e enviada aos seus, e
vai mais além, quando diz que os seus não o receberam, que Ele armou sua tenda
entre nós, e ainda que deu poder àqueles que o receberam de se tornarem filhos
de Deus. Eis toda teologia, toda cristologia, dogmática, moral, soterologia,
missiologia, resumida em poucas linhas, que juntamente com a maior e mais
profunda definição de Deus jamais proferida por lábios humanos: Deus é amor,
fazem da reflexão joanina o essencial da reflexão do Natal!
`Quando se afirma que Jesus se
encarnou, implicitamente aceitamos que Ele assumiu em tudo a humanidade, com
exceção do Pecado, portanto assumindo uma cultura e uma época, Jesus se
inculturou. Jesus assumiu a cultura judaica, mantendo o espírito crítico, mas
sempre densamente inculturado. Quanta lição para os nossos missionários. Quanta
lição para a própria Igreja, toda ela missionária, principalmente agora nos 500
anos de celebração (de penitência, deveria) e que planeja a Evangelização
2000!
Quanto ensinamento para as
seitas e para os movimentos dentro do catolicismo, que querem prescindir das
mediações humanas para promover o bem estar físico, mental e social do Homem,
indo de encontro a pedagogia do próprio Filho, que assumiu plenamente sua
humanidade!
Gravíssima constatação de
João, quando diz que os seus não O receberam. Ele veio para toda a criatura
humana, veio e continua vindo. Com se recebe Jesus? Ele mesmo nos responde em
Mateus: "Toda vez que deixaste de receber um destes pequeninos, foi a mim que
não recebeste..."
Quanta luz para aqueles que pensam
e praticam uma religião voltada para o espiritual, achando que o homem
desnutrido, com o corpo consumindo a própria carne, pode filosofar uma religião
preocupada com a sua alma...
Ele não quis templo, palácio
catedral. Não quis o corpo de príncipe, imperador, sumo sacerdote. Ele armou sua
tenda, num carpinteiro da zona rural, da periferia. Ele resgatou o tempo da
sociedade tribal de Israel, logo após seu Pai Ter libertado o Povo da escravidão
do Egito e Ter dado a terra de Canaã, onde todos eram iguais em direitos e
deveres, em posse de terra e bens, e onde não havia templo nem exército, e a
arca de Deus perambulava entre as tribos, sob uma tenda.
Mas a àqueles que o receberam, deu
o poder de serem filhos de Deus!
Eis ai a grande lição do Natal.
Qual o resultado da fecundação da Palavra entre a Humanidade? É o nascimento da
comunidade, que é o próprio Jesus encarnado, no seu corpo místico. Toda vez que
a Palavra gesta uma comunidade, aí o Natal do Cristo se faz presente. Nada há de
mais sagrado que a comunidade! Nem religião, nem imagens, nem instituições, nem
ritos, nem celebrações desencarnadas da realidade.
Só há Natal se houver
COMUNIDADE. Fora disso é festa pagã, é comemoração, é fuga, é teatro, é
tradição, pode até ser filantropia, mas certamente não é o nascimento de
Jesus.
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