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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Che, ascenção e queda...




Che



Dos muitos heróis da infância e alguns da adolescência, talvez Che Guevara tenha sido um dos mais importantes. Sua imagem difundida desde o tempo em que só havia rádio, jornais, revistas e televisão, o tornou um ícone quase incólume ao desgaste natural dos tempos.

A esquerda tratou de canonizá-lo, aproximando a sua figura com a de Jesus: cabelo, barba, desprendimento, altruísmo, idealismo e martírio.

Che representava desde os ideais de nações socialmente justas, as lutas sindicais por melhores condições de trabalho, luta pela liberdade, direitos humanos, desenvolvimento dos povos até a conquista da paz fraterna entre os cidadãos e as nações.

Impressionou-me, certa vez, na década de 80, quando participava de uma missa no bairro operário de Paulo Afonso, no banco rude da igreja, alguém gravara o nome CHE. Pensei-o como modelo de cristão libertador.

A História, porém, é herege. Não obedece a dogmas. Desencava ossos por mais santos que sejam. Traz à luz o que fiéis seguidores gostariam de ver sepultado para sempre. Hoje o mito se derrete em sangue, e com ele escorre no bueiro as fantasias e utopias d’outrora.

O mito se esvai e deixa pouco da glória de um homem.

Há fortes indícios de que Ernesto Guevara era homofóbico: criou o primeiro reformatório para corrigir homossexuais, roqueiros e preguiçosos. É dele também a frase racista, escrita no seu Diário da Motocicleta “os negros mantiveram sua pureza racial graças ao pouco apego que têm em tomar banho”. Ainda há relatos de execuções sumárias a sangue frio de jovens que se suspeitava estarem traindo os ideais revolucionários pelo próprio Che, jovens de até 14 anos, às vezes na frente da mãe e um caso até mesmo de ter sido condenado à morte e executado por ter  comido leite condensado de uma lata roubada, sendo esse pertencente ao grupo dos próprios revolucionários.

Um fato muito interessante e pitoresco, se não fosse trágico nem grotesco, é que durante as várias execuções no paredon do presídio La Cabaña (fato denunciado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, item E de 7 de abril de 1967), antes dos presos serem executados, eram-lhes retirado em torno de 3 litros de sangue que seriam vendidos para o Vietnam do Norte, por causa da guerra de então, para trazer dólares para a Revolução.

Ernesto Guevara foi ainda  Embaixador, Presidente do Banco Nacional e Ministro da Indústria. Seus críticos afirmam que destruiu a economia do país quando diminuiu drasticamente a cultura da cana de açúcar e acabou com o turismo e expulsou os grandes empresários, que ironicamente apoiaram a revolução de Fidel. Um desastre administrativo, salvo em parte pela compra subsidiada pela Rússia de toda produção açucareira. O golpe final foi na década de 90 com o declínio do domínio comunista no Leste Europeu. O que resta é melancolia.



Assuero Gomes



Um comentário:

  1. Engraçado que alguém da Igreja Católica Apostólica Romana tenha algum problema contra homofóbicos e torturadores, porque não racistas.. Che é um homem de seu tempo, concordo que é ridículo endeusá-lo e também sou contra homofobia, tortura e racismo, já a Igreja... Promove até hoje a homofobia, é responsável por vários casos de pedofilia, até onde me consta foi negligente com os escravos negros e promoveu tortura e execução de "hereges". Vais deixar a Igreja por isso, ou se apegar ao que ela tem de bom? O mesmo faço com Che.

    Thomás Sôlha Gomes

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