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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Francisco e Helder









Francisco e Helder



Novembro é o mês de todos os santos, de Francisco também. Um sacramento de Jesus para seu povo e para todos os povos. Francisco inspirou e continua inspirando milhares e milhares de seres humanos, cristãos e não cristãos, até ateus de bom coração e sinceridade de propósito; continua instigando a Igreja a se tornar cada vez mais fiel ao seu fundador, continua questionando a consciência dos poderosos desse mundo em relação aos pobres e à natureza em geral. Dentre esses milhares que inspirou e inspira, um deles é o nosso Dom. Imagino a seguinte cena:
Caminhava Francisco e Helder pelos campos da Perúgia celeste. Era primavera no céu. Sempre primavera, eterna primavera. Clara colhia algumas flores mais atrás com Vicente e Luísa. Helder perguntou ao pobrezinho de Assis:
-Francisco qual é a maior felicidade que se pode experimentar?
Ao que o santo respondeu:
-Meu irmão, a maior felicidade é estar aqui.
-Mas lá na terra qual seria? Insistiu o Dom com a mão direita no coração e a esquerda apontando para baixo.
-Na terra é quando caminhamos léguas e mais léguas pelo sertão afora e vamos passando por aqueles pobres carregando uma lata d´água pesada e barrenta na cabeça, e mesmo sem ter nada para comer, com filhos e mais filhos, vão cantando louvores a Deus vão caminhando sem outra qualquer esperança...
-Então nós vamos e os ajudamos a sobreviverem e os organizamos em comunidades para, através da partilha, exigirem e conseguirem seus direitos – completou D. Helder.
-Mesmo assim esta não é a maior felicidade. Caminhando após termos conseguido isso, devemos nos sentir como servos inúteis, que não fizeram mais que sua obrigação...
-E então Francisco qual é a maior felicidade?
-Quando sedentos chegarmos à casa de um fazendeiro e pedirmos um pouco de água e ele nos enxotar com impropérios, nos chamando de vagabundos e achar que queremos invadir suas terras, e mandar seus empregados armados contra nós...devemos nos alegrar, mas ainda assim não será a felicidade definitiva na terra...
-Diga-me querido irmão do sol e da lua e da água casta, qual é a felicidade verdadeira?
-Ao sairmos dali, daquelas terras, não devemos sacudir o pó das sandálias, pois não nos cabe julgar, mas continuando a caminhar, já esfarrapados na roupa e na pele, batermos na porta da igreja e vier nos atender o guardião, e este nos empurrar escada abaixo, em direção à rua, dizendo que ali não é lugar de marginais e sim de orações e de gente de bem, e se formos capazes de continuar amando a Igreja com todas as nossas forças e o nosso coração e o nosso entendimento, e ao fazendeiro, e aos seus capatazes, e ao irmão guardião do templo, e após tudo isso dançarmos ao som do vento e bendizermos ao Criador, assim teremos chegado à felicidade, Helder meu irmão.

Assuero Gomes

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