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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Podeis comungar!


 
                                                "O prato de Deus é a Fome do Pobre!"
 
 
 
 
 
Podeis comungar!

 

Uma das maiores contradições da religião cristã, de denominação católica apostólica, do rito romano, é a pouquíssima freqüência dos seus seguidores à celebração eucarística. Imagino que, se apenas 10% de todos os batizados participassem dela, não haveria nem templos nem espaço para tanta gente. Merece um aprofundamento essa questão que me parece crucial, tendo em vista ser a refeição eucarística o núcleo vital da nossa vida pessoal, eclesial, espiritual e missionária. Hoje, no entanto, gostaria de deter-me em outra questão, também vital, e que é como um “escândalo” para nossa Igreja, ou deveria sê-lo: dos raros cristãos e cristãs que vão à celebração, menos, muito menos da metade, participam da refeição propriamente dita.

A missa, como comumente é chamada, consiste basicamente de dois momentos: a partilha da palavra e a partilha da carne e do sangue de Jesus. Toda a cerimônia se inicia com o ato penitencial, onde individual e comunitariamente se pede perdão a Deus pelas faltas cometidas e se recebe o perdão através desses ritos iniciais. Este perdão é sacramental. Penso que a grande maioria de nós católicos e católicas não acredita nesse perdão ou não o valorizam, pois, continuo pensando, não nos aproximamos da mesa eucarística para receber o pão e o vinho consagrados, por pensarmos não estarmos `purificados´ pelas faltas que cometemos no dia a dia de nossas vidas. Devido a uma catequese errada que recebemos desde a infância, onde se valoriza sobremaneira o Deus que castiga, o pecado, a tentação, o inferno em detrimento ao Pai misericordioso, ao Filho que já sofreu por nós tudo o que deveríamos ter sofrido, à graça plena e abundante do Espírito, ao perdão amoroso, ao paraíso que deveríamos já estar vivenciando, ali na presença viva de Jesus.

Outra coisa muito importante que devemos ter sempre consciência, como cristãos e cristãs adultos que somos, é que a instituição não é a proprietária da eucaristia, no máximo é a depositária, da qual deveria ser uma depositária fiel, e tantas vezes foi tão infiel, tal qual a esposa de Oséias (lembrem-se da Inquisição, da invasão e destruição dos povos nativos das Américas, da bênção sobre a escravatura, e tantas outras infidelidades a Cristo).

Para Jesus, para o cristão e a cristã, o nosso templo é o nosso coração. Nossa liturgia deve ser a do samaritano, e nossa liberdade deve ser medida pela nossa consciência.

Quando participo da sagrada Eucaristia, imagino que aquela mesa foi posta pelos pobres para toda humanidade, e Jesus ali presente, de braços abertos, se oferecendo amorosamente para seus irmãos e irmãs, chegando a sussurrar ao coração de cada um:

- Vinde benditos de meu Pai, para a festa que está preparada para vós desde a eternidade. Podeis comungar !

Assuero Gomes

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