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domingo, 21 de outubro de 2012

Igreja, pão e circo...


 
 
 
 
 
Igreja, pão e circo...

 

O pão de Jesus é aquele que dividido se multiplica. É o pão da partilha. O pão dos césares é aquele que é distribuído para alimentar a dependência e a subserviência. É o pão da exploração.

César manda seus escravos distribuir seus pães na multidão que, distraída, assiste aos espetáculos circenses, como num grande ringue.

Jesus distribui, Ele mesmo, seu pão, ao povo, que organizado e livre, participa e constrói condições para que a vida floresça e permaneça.

Os césares precisam de palco, de trono, de incenso, de títulos, de vestes longas, pomposas, tiaras, coroas, cetros, sacerdotes e vestais. Trombetas e alaridos anunciam sua presença e sua magnanimidade na distribuição dos pães no circo.

Jesus partilha seu pão no meio do seu povo, como um deles.

No espetáculo circense há feras digladiando-se com homens, homens virando feras deles mesmos, há delírios da plateia, há sangue escorrendo, há dentes rangendo e dentes gargalhando, há pão desperdiçado, há disputa de público, há torcida e fanatismo. O pão dos césares é o pão do circo.

Na partilha do pão de Jesus há as feras que transformam-se em humanidade. Não há disputa. O espetáculo da Vida acontece na comunidade, na igualdade fraterna das diferenças individuais que se complementam no coletivo. O pão de Jesus é o pão da comunidade.

O pão dos césares é produzido através de impostos, de dízimos, de coletas, de ameaças, de coações, de benesses, pois o espetáculo do circo é caro, muito caro. O pão de César escraviza. A roupa de César e sua tiara cravejada é muito cara, sua coorte é muito cara, seu palácio, seus museus, é tudo muito caro. Sua cidadela fortificada é muito cara. Sua estrutura de poder é muito cara. O pão de César é muito caro.

O pão de Jesus é gratuito, como o pão anunciado de Isaías, como o maná. O pão de Jesus alimenta e dá coragem. A estrutura de Jesus, onde Ele partilha seu pão, é simples: o coração de cada mulher e de cada homem, de cada criança, cada família. Um pão de Graça. A tiara de Jesus custou seu sangue e jamais o sangue do povo. Uma tiara de espinhos. A coorte de Jesus é seus amigos e seguidores e sua cidadela é o universo. Seu poder é o serviço. Seu palácio, seu templo, sua roupa é a rua, o ar livre, a roupa de quem está nu e precisa ser vestido. Seu prato é o prato que espera o pão.

O pão de Jesus liberta.

César se sente bem no circo. Lá ele é o dono, é o senhor do circo. Lá ele doma, oprime e seduz. Lá a plateia aplaude em romaria e ovaciona o senhor do circo e paga caro pelo seu pão corrompido.

Jesus se sente bem na casa do pobre, nas pequenas fraternidades, no coração de quem serve com alegria. Jesus parte seu pão e Ele mesmo lho dá, no silêncio de seu coração, na misericórdia e na compaixão, a quem o deseja receber.

 

Assuero Gomes

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