Visitantes

sábado, 1 de dezembro de 2012

A estátua recusada por D.Pedro II


Colaboração de Fabiano Costa 


 

Quam bonum est et quam jucundum, habitare fratres in unum.

Virgo Flos Carmeli, ora pro nobis!

 

 

 

A estátua recusada por D.Pedro II


E DIZER QUE JÁ TIVEMOS UM GOVERNANTE ASSIM!!




D. Pedro II dispensou estátua em sua homenagem para priorizar a construção de escolas públicas.


A motivação parecia das mais nobres: Pela vitória na guerra do Paraguai, nosso Imperador fazia jus a uma estátua. Melhor ainda: uma estátua feita com o bronze dos canhões do inimigo derrotado. A campanha foi lançada através do jornal Diário do Rio de Janeiro anunciada de acordo com os seguintes termos no dia 19 de março de 1870:

 

"[...] uma reunião em que se deliberou erigir uma estátua eqüestre ao Sr. D. Pedro 11, como o primeiro cidadão, pela constância e tenacidade que mostrou sempre na sustentação da luta contra o tirano do Paraguai, devendo o monumento ser fundido no país com o bronze das peças tomadas ao inimigo. "

 

D. Pedro II não esperou o dia seguinte para comentá-la. Em carta pública, causou surpresa geral ao rechaçar a homenagem em grande estilo:

"Si querem perpetuar a lembrança do quanto confiei no patriotismo dos brasileiros para o desagravo completo da honra nacional e prestígio do nome brasileiro [...] O senhor e seus predecessores sabem como sempre tenho falado no sentido de cuidarmos da educação pública, e nada me agradaria tanto a ver a nova era de paz firmada sobre conceitos de dignidade dos brasileiros começar por um grande ato de iniciativa deles ao bem da educação pública."

No Parlamento, a rejeição ao projeto da estátua chegou a ser criticada. Em maio, o senador José de Alencar (1829-1877) tratou o tema como uma ingerência do Imperador no Poder Legislativo, uma vez que já havia sido aprovado o financiamento para a elevação da imagem urbana. Nas sessões seguintes, porém, os parlamentares acompanharam a decisão do Imperador. O ministro do Império Paulino José Soares de Souza, por sua vez, manifestou na imprensa o apoio a Sua Majestade. Seu discurso alinhado com o Chefe de Estado reforçava a relação entre paz e progresso, este entendido como avanço “intelectual e moral da nação”. 

Para enfatizar suas prioridades, o Imperador lançou, naquele mesmo ano, as pedras fundamentais das primeiras escolas municipais do Rio de Janeiro, então Corte Imperial. Inauguradas em 1872, eram elas a Escola São Sebastião (posteriormente chamada Benjamin Constant e demolida em 1938 para a abertura da Avenida Presidente Vargas), localizada na freguesia de Santana, e a Escola São Cristóvão (depois chamada Gonçalves Dias), localizada no bairro de mesmo nome. Durante as décadas de 1870 e 1880, seriam criadas outras seis escolas municipais na cidade. O que não quer dizer que o imperador estivesse esbanjando recursos públicos: somente uma de todas essas escolas consumiu verba do Estado em sua construção, sendo as outras sete viabilizadas por contribuições particulares ou por subscrição pública. E sempre envolvidas pela solenidade imperial: D. Pedro II fazia questão de estar presente e participar tanto dos rituais de lançamento da pedra fundamental quanto das inaugurações.

Não seria exagero dizer que a mais recorrente representação do Brasil monárquico é a imagem de D. Pedro II.  No entanto, há poucas esculturas públicas do longevo imperador. Uma das peças mais conhecida pode ser considerada escultura abaixo

 


 

inaugurada em 1911 e que representa o Imperador de modo civil, numa postura contemplativa e serena, lembrando os retratos do liberal intelectual.

Curioso é que a imagem foi produzida não no período imperial, mas na primeira metade do século XX, numa evidente manifestação de saudosismo que se confunde com a identidade construída em torno da cidade de Petrópolis. Em 1925, por ocasião do centenário do nascimento de D. Pedro II, inaugurou-se um busto na estação ferroviária que leva seu nome (mais conhecida como Central do Brasil) e uma estátua no parque da Quinta da Boa Vista, em frente ao antigo Palácio Imperial, já então transformado pela República no Museu Nacional.

 

A ESTÁTUA RECUSADA

Assim, a escultura, que havia sido moldada em gesso por Francisco Manoel Chaves Pinheiro, em 1866,   nunca chegou a ser fundida em bronze. Mas graças ao trabalho de Conservação e Restauração do Museu Histórico Nacional e ao apoio financeiro de  sua  Associação de Amigos,  foi concluída em 1999 sua a restauração da monumental.

 


 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário