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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os olhos de Catarina Labouré

 
 
Os olhos de Catarina Labouré
 
Morta em dezembro de 1876, seus olhos continuam intactos (eu vi ), olhando em direção ao local onde a Virgem Maria lhe apareceu, exatamente onde hoje é o altar  da Capela da Medalha Milagrosa na Rue du Bac 140, Paris.
 
 
 
 
 
                                          foto Assuero

Durante a noite 18 de Julho de 1830, Catarina acordou depois de ouvir a voz de uma criança que dizia: irmã, todo mundo está dormindo, vem à capela, a Virgem Maria a espera. Acreditando na voz, Catarina segue a criança. Chegando à capela, a noviça vê a Virgem Maria que pede a jovem vidente que seja fundada por seu diretor espiritual, o sacerdote francês, Joao Maria Aladel da Congregação da Missão, uma Associação de Filhos e Filhas de Maria, atualmente conhecida como Juventude Mariana Vicentina, responsável pela difusão da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças apresentada a Catarina nas visões posteriores que se encerraram em 27 de Novembro de 1830 quando a Virgem se apresenta como Nossa Senhora das Graças.
(Wikipedia)

                                          O altar, local exato da aparição (foto Assuero)

 Morte

foto Google
Caixão de vidro com o corpo incorrupto de Santa Catarina Labouré.
Morreu em 31 de Dezembro de 1876.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Glorioso S. Vicente de Paulo

 
Glorioso S. Vicente de Paulo
 
Não porque foi conselheiro da rainha, nem por cargos importantes.
Não porque alcançou fama, ou prestígio ou dinheiro, pelo contrário, mas porque chegou a Deus através do serviço aos pobres, e ensinou esse caminho seguro aos cristãos.
 
 
 
 
 














quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Filmes que você deve assistir antes de morrer: Gente de Dublin "The Dead"


Filmes que você deve assistir antes de morrer:

 

 

Gente de Dublin Título Original: The Dead


 
Ano: 1987                 Dirigido por Jonh Huston e estrelado por sua filha Anjelica Huston.

The Dead (br: Os Vivos e os Mortos / pt: Gente de Dublin) é um filme britânico e estadunidense de 1987 dirigido por John Huston e estrelado por sua filha Anjelica Huston. É uma adaptação do conto de mesmo nome do livro Dublinenses, de James Joyce. The Dead foi o último filme que Hudson dirigiu, e foi liberado postumamente.

A atmosfera do filme nos envolve no frio de Dublin do final do século XIX ou começo do XX. Comemoração intimista da festa de Reis. Suave melancolia tendo como pano de fundo a troca de gentilezas dos convidados e retratos verbais de suas vidas, frustações, amores, desgostos. Vê-se nitidamente a estratificação social da Irlanda de então, mas o núcleo cardíaco do filme, se assim me permitem expressar, é a fala de Gretta Conroy (Anjelica) e seu esposo Gabriel Conroy (Donal McCann), relembrando um antigo namorado da adolescência. Uma das maiores e melhores narrativa cênica sobre o amor que o cinema jamais produziu.
 
Assuero Gomes

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Avareza e a Generosidade, dos pecados do capital


 
imagem do google
 
 
A Avareza e a Generosidade, dos pecados do capital

 

A avareza está ligada eternamente ao acumular e à ganância, embora melindre a percepção pouco acurada de algum leitor desatento, mas no âmago dessa característica, que todos nós temos em pequenas porções escondidas no viés da alma, está nosso amor narcísico.

Guardamos e retemos para nós no sentido de atrairmos a atenção do outro, a sua admiração e quiçá a sua inveja.

No caso do capitalismo, é ‘glorioso e digno de louvor’ quem mais consegue acumular e ostentar. Pessoas sacrificam, em holocausto silencioso, suas próprias vidas, dia após dia, hora após hora, de uma breve passagem neste mundo, acumulando bens, fortunas e desafetos que jamais serão aproveitados em benefício próprio. É a egolatria levada ao extremo.

Os ídolos são fabricados com o que sobra, com o acúmulo de bens produzidos por uma imensa maioria (a qual lhe falta tudo) em benefício de uma casta, de um grupo político, econômico ou religioso, ou até mesmo de uma única pessoa.

Os ídolos recebem culto de adoração por parte das próprias pessoas “escravizadas” que construíram o patrimônio, leia-se poder, do próprio ídolo, e cada vez mais escraviza essas pessoas que cada vez mais introjetam o modelo do ídolo em seus corações, suas mentes, e suas peles. Um círculo perverso e vicioso.

O problema é que no decorrer desse processo, o sacrifício exigido pelo objeto idolatrado é a própria vida dos adoradores. Um culto idolátrico é um culto à morte, em última instância.

O ídolo do nosso sistema é o próprio capital, o caminho é o lucro, os objetos de culto e as relíquias, os símbolos, são coisas tais como ferraris, mont blancs, bolsas Hermès, celebrado com um vinho Penfolds Block 42 Cabernet Sauvignon 2004, de R$ 356.000,00 a garrafa.

A ganância ainda está associada à exploração do ser humano pelo ser humano.

Pessoas como Francisco de Assis, Vicente de Paulo, Gandhi, Sidarta Gautama, Helder Camara e tantos outros são um contraponto à avareza e a ganância.

Generosidade é partilhar, é não acumular, é dar o devido valor às pessoas pelo que elas são e não pelo que elas possuem.

Francisco, rico filho de comerciante despojou-se de tudo para dar aos pobres, Vicente um padre influente da aristocracia mais refinada e opulenta da Europa, confessor da rainha, serviu aos pobres até o último dia de sua vida, Gandhi um brilhante advogado com formação britânica, incorporou-se de tal forma à vida dos pobres de sua gente, que vivia praticamente sem nada também servindo aos pobres, Sidarta um príncipe riquíssimo do Nepal que descobriu seu caminho enxergando por detrás das falsas aparências das coisas e relativizando toda riqueza e poder, construiu um caminho iluminado para bilhões de pessoas, Helder Camara não precisa falar.

 

Assuero Gomes


Médico e escritor

 

 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Holanda 10 X Brasil 0


 
 
 
 
 
Excelente texto extraído do blog de Daniel Duclos, brasileiro que atualmente mora na Holanda. De uma lucidez impressionante.

 

A sociedade holandesa tem dois pilares muito claros: liberdade de expressão e igualdade. Claro, quando a teoria entra em prática, vários problemas acontecem, e há censura, e há desigualdade, em alguma medida, mas esses ideais servem como norte na bússola social holandesa.

Um porteiro aqui na Holanda não se acha inferior a um gerente. Um instalador de cortinas tem tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada impede de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem suas Heinekens juntos. Ninguém olha pra baixo e ninguém olha por cima. A profissão não define o valor da pessoa – trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado. Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”.

 

Profissões especializadas pagam mais, mas não muito mais. Igualdade social significa menor distância social: todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não há muito alto. Um lixeiro não ganha muito menos do que um analista de sistemas. O salário mínimo é de 1300 euros/mês. Um bom salário de profissão especializada, é uns 3500, 4000 euros/mês. E ganhar mais do que alguém não torna o alguém teu subalterno: o porteiro não toma ordens de você só porque você é gerente de RH. Aliás, ordens são muito mal vistas. Chegar dando ordens abreviará seu comando. Todos ali estão em um time, do qual você faz parte tanto quanto os outros (mesmo que seu trabalho dentro do time seja de tomar decisões).

Esses conceitos são basicamente inversos aos conceitos da sociedade brasileira, fundada na profunda desigualdade. Entre brasileiros que aqui vêm para trabalhar e morar é comum – há exceções - estranharem serem olhados no nível dos olhos por todos – chefe não te olha de cima, o garçom não te olha de baixo. Quando dão ordens ou ignoram socialmente quem tem profissão menos especializadas do que a sua, ficam confusos ao encontrar de volta hostilidade em vez de subserviência. Ficam ainda mais confusos quando o chefe não dá ordens – o que fazer, agora?

Os salários pagos para profissão especializada no Brasil conseguem tranquilamente contratar ao menos uma faxineira diarista, quando não uma empregada full time. Os salários pagos à mesma profissão aqui não são suficientes pra esse luxo, e é preciso limpar o banheiro sem ajuda – e mesmo que pague (bem mais do que pagaria no Brasil a) um ajudante, ele não ficará o dia todo a te seguir limpando cada poerinha sua, servindo cafézinho. Eles vêm, dão uma ajeitada e vão-se a cuidar de suas vidas fora do trabalho, tanto quanto você. De repente, a ficha do que realmente significa igualdade cai: todos se encontram no meio, e pra quem estava no Brasil na parte de cima, encontrar-se no meio quer dizer descer de um pedestal que julgavam direito inquestionável (seja porque “estudaram mais” ou “meu pai trabalhou duro e saiu do nada” ou qualquer outra justificativa pra desigualdade).

 

Porém, a igualdade social holandesa tem um outro efeito que é muito atraente pra quem vem da sociedade profundamente desigual do Brasil: a relativa segurança. É inquestionável que a sociedade holandesa é menos violenta do que a brasileira. Claro que aqui há violência – pessoas são assassinadas, há roubos. Estou fazendo uma comparação, e menos violenta não quer dizer “não violenta”.

 

O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.

 

Eu, pessoalmente, acho excelente os dois efeitos. Primeiro porque acredito firmemente que a profissão de alguém não têm qualquer relação com o valor pessoal. O fato de ter “estudado mais”, ter doutorado, ou gerenciar uma equipe não te torna pessoalmente melhor que ninguém, sinto muito. Não enxergo a superioridade moral de um trabalho honesto sobre outro, não importa qual seja. Por trabalho honesto não quero dizer “dentro da lei” - não considero honesto matar, roubar, espalhar veneno, explorar ingenuidade alheia, espalhar ódio e mentira, não me importa se seja legalizado ou não. O quanto você estudou pode te dar direito a um salário maior – mas não te torna superior a quem não tenha estudado (por opção, ou por falta dela). Quem seu paí é ou foi não quer dizer nada sobre quem você é. E nada, meu amigo, nada te dá o direito de ser cuzão. Um doutor que é arrogante e desonesto tem menos valor do que qualquer garçom que trata direito as pessoas e não trapaceia ninguém. Profissão não tem relação com valor pessoal.

 

Não gosto mais do que qualquer um de limpar banheiro. Ninguém gosta – nem as faxineiras no Brasil, obviamente. Também não gosto de ir ao médico fazer exames. Mas é parte da vida, e um preço que pago pela saúde. Limpar o banheiro é um preço a pagar pela saúde social. E um preço que acho bastante barato, na verdade.


obs.: imagens do Google
 

 

 

 

domingo, 13 de janeiro de 2013

A caverna de Paulo, o terceiro


 
 
 
 
 
A caverna de Paulo, o terceiro

 

Conta-se uma lenda piedosa da Idade Média, que havia um grupo religioso de ermitões que, embora vivessem juntos, eram como que isolados. Viviam numa caverna e o carisma de seu fundador, chamado de Paulo, o terceiro, era o de viverem acorrentados com as costas voltadas para a entrada da referida caverna, de cuja entrada emanava a única luz possível naquele recinto. Os religiosos eram proibidos terminantemente de voltarem o rosto para trás e verem de onde vinha a luz.       

Oravam praticamente o dia todo e perseveravam no jejum e na mortificação corpórea. De tanto ficarem nesse carisma e posição, imaginavam que não existia mais nada fora da caverna, e se contentavam com as sombras emanadas de suas esquálidas figuras, projetadas na parede.

Paulo era o único que sabia da vida lá de fora, mas temeroso que o grupo se dispersasse, contava histórias assombrosas e terríveis, de monstros, demônios, dragões, almas penadas, infernos loucos e purgatórios intermináveis. Fora da caverna não havia salvação.

Para salvaguardar o grupo de tais ameaças, eram proibidos quaisquer tipos de leituras e conversas, amizades ou confidências. A chave que libertaria das correntes os pobres monges, foi enterrada bem escondida, para sempre. 

Aconteceu que morrendo Paulo, de velhice, já bastante caduco, o pequeno, esquálido, esfomeado e acorrentado grupo, perecia a cada dia, parecendo ser a morte o único e trágico destino para eles. A morte seria sua salvação, senão do corpo, mas a da alma, sendo essa verdadeiramente a que importava.

Já cheirava mal o corpo do fundador, que não podendo ser retirado daquele exíguo recinto, por motivos óbvios, foi precariamente envolto em trapos e colocado num lugar de destaque perto da parede da projeção das sombras. Com o movimento natural do sol tinha-se a impressão que o corpo se movia, pois as sombras mudavam de lugar conforme a hora do dia.

A lenda conta que depois de muitos anos, a caverna foi encontrada por peregrinos e estes vendo aqueles esqueletos insepultos e acorrentados, foram tomados de grande veneração e que ali acontecem milagres até os dias de hoje. Uma intensa romaria enche de visitantes os arredores e trás um bom desenvolvimento naquela área.

Eu preferiria que a história não acabasse assim.

Imagino que em seguida à morte de Paulo, o terceiro, um viajante passando por aquelas paragens, deixou cair algumas páginas de manuscritos. O vento teria soprado em todas as direções, e numa delas levado uma das folhas de pergaminho caverna adentro. Poderia ter sido justamente aquela página de João que diz “Deus é Amor”.

Imagino o dia que se fez dentro da caverna quando um deles conseguiu ler e interpretar com o coração o que significa Deus é Amor, e de como em seguida como se fosse dia pleno tivesse conseguido se libertar e sair da caverna, e vendo a luz do sol, descobrisse a Verdade e voltado libertasse os irmãos.

 

Assuero Gomes

 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Gula e temperança, dos pecados do Capital.


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Gula e temperança, dos pecados do Capital.

 

Esse “pecado” aos olhos medievais está ligado ao ato de comer e desejar comer muito, mais e cada vez mais. Foi relacionado também ao desejo de possuir em detrimento da falta que o próximo sente.

Hoje sabemos, nem tanto quanto deveríamos, que o desejo insaciável de comer e sua consequência trágica que é a obesidade, está muito mais relacionado a distúrbios metabólicos e afetivos do que à maldade e à falha de caráter ou de religiosidade. Podemos, no entanto, analisar esse problema do ponto de vista do capitalismo. Enquanto uma pequena parte do mundo consome desenfreadamente os alimentos, e de maneira errada, a grande parcela da população mundial passa fome, literalmente, não ingerindo nem o mínimo para se manter viva durante poucas semanas, além da escassez da água potável. Fome e sede para mais de um bilhão de seres humanos enquanto alguns milhões estão obesos incentivados pela indústria e pelo marketing.

A quantidade de alimento produzido e o que se deixa estragar por falta de conservação, transporte e distribuição, dá para alimentar com fartura todos os seres humanos. O que falta é a partilha. Ampliamos a noção de “pecado” individual para coletivo.

No âmbito individual, a gula moderna está refinada e disfarçada, muito bem por sinal. Não mais comer em quantidades exageradas, mas comer o “especial”, o inacessível para a maioria dos mortais, numa verdadeira idolatria à boa mesa.

Não é por acaso que se divulga e investe tanto em gastronomia, como jamais aconteceu. Verdadeira fortuna se gasta por um jantar a dois, custo esse que daria para alimentar com tranquilidade mais cem pessoas.

Quando pagamos, por exemplo, por uma especiaria como o açafrão algo em torno de R$ 150.000,00 o quilo, ou R$ 2.000,00 por um quilo de trufa branca, ou ainda R$ 2.500,00 por um quilo do café da Ilha de Sumatra, chamado de Kopi Luwak  ou milhares de dólares por um vinho, e assim por diante, creio eu ser esse o atual pecado da gula produzido pela idolatria ao capital.

A temperança é a virtude contraposta à gula. Além de ser uma conduta saudável, que gera harmonia, associada à caridade, no sentido verdadeiro dessa palavra, de promover o desenvolvimento social e não apenas dar esmolas, equilibra o nosso ser, nosso corpo e o ambiente no qual vivemos nesse curto espaço de tempo que nos é dado por Deus, antes da vida definitiva.

 

Assuero Gomes


Médico e escritor