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quinta-feira, 28 de março de 2013

Padre João Pubben, Afscheid van Vader Johannes Pubben

Afscheid van Vader Johannes Pubben

 









 
 
 
 
Padre João Pubben

 

Quando jovem, muito jovem ainda, Jesus através de Vicente de Paulo perguntou ao padre   recém ordenado, na Holanda, por três vezes: “João, tu me amas?” – Sim senhor, tu sabes que eu te amo! Por três vezes seguidas ele respondeu calmamente. Em seguida o mesmo Vicente disse: cuida dos meus pobres.

Fazendo o caminho dos mares aportou no Nordeste do Brasil. Aqui em Recife encontrando com o pastor profeta Helder Camara, foi enviado para a comunidade de Dois Unidos, Passarinho e Alto da Esperança, juntamente com a Irmã Priscila. Faz quarenta e cinco anos essa travessia.

Cuidou com afinco e dedicação dos pobres que lhe foram recomendados, deu-lhes escola, formação cristã e humanística. Ensinou-os a dignidade de ser pessoa filho ou filha de Deus. Construiu vidas e vidas interligadas no amor e no serviço fraterno, no respeito às diferenças e na convivência construtiva de fraternidades múltiplas, em serviços e pastorais dessas comunidades.

Deu testemunho de uma vida pobre entre os pobres, de uma frugalidade extrema e evangélica. Durante longos dezenove anos serviu também ao Dom, assistindo-o diariamente em celebrações e cuidados.

Celebrou continuamente uma única eucaristia mística com seus pobres, com D. Helder e com os que vivem o chão da Igreja das Fronteiras, e continuará celebrando, mesmo em futuro tempo.

Sofreu e foi feliz, chorou e sorriu, construiu pontes e laços, alguns nós dentre nós. Foi fiel à missão, honrou a túnica e a estola do serviço entre o sofrimento do povo e o silêncio de Deus. Viveu a mística de Vicente e Luísa no limite, às vezes ultrapassando-o, do suportável e dou testemunho de sua dedicação e testemunho na própria pele e pulmões, no coração e ossos.

Como o Dom e como Vicente incomodou estruturas estabelecidas e enraizadas e engessadas.

Vicente agora retomou-lhe o diálogo:  “João tu me amas?” - Sim tu sabes que eu te amo! Por três vezes a mesma pergunta e a mesma resposta sem hesitação. “Quando tu eras jovem, tu te vestias e ias aonde querias, no entanto é chegada a hora em que vais te vestir e voltarás para de onde vieste”.

Quarenta e cinco anos de mar profundo no mistério de um Deus que se apresenta na necessidade do pobre e num pedaço de pão, quarenta e cinco anos de dias imersos numa espiritualidade de mãos calejadas e pés cansados, quarenta e cinco anos de navegar ali na poeira da poeira onde os pés dos pobres caminham e sangram... Volta para a Holanda, deixando sua juventude, sua saúde, seu coração, seus amores e amizades, seus admiradores e especialmente sua gente, a qual ensinou a dignidade de ser humano.

Parta com o coração da gente e a sensação de ter feito mais que o impossível por todos nós...

 

Assuero Gomes

Cristão católico leigo da Arquidiocese de Olinda e Recife


 

 

terça-feira, 26 de março de 2013

Despedida de Pe. João Pubben


 
 



 
 
 
Amigas e Amigos,

 

Paz e Alegria!

 

No domingo passado, dia 24 de março de 2013,

celebramos a Eucaristia na Igreja das Fronteiras.

Foi a última vez em dezenove anos que participei dela.

Envio as palavras que falei para as Irmãs e os Irmãos,

agradecendo as presenças, os abraços e os bons votos,

como também os mails fraternos que recebi.

 

O Deus/Amor abençoe a todas e a todos,

para que nós possamos ser bênçãos uns para os outros,

e particularmente para os Pobres.

 

Meu abraço cordial,

 
João Pubben


Queridas Irmãs e Caros Irmãos,

Paz e Alegria!

 

Um dos bons textos e uma das belas melodias do nosso querido padre Reginaldo Veloso diz e canta: “Vida, tu és o sonho mais lindo de Deus!”

Sim, nosso Deus/Amor é um Deus de vida.

Sim, Jesus de Nazaré veio para que todas e todos, repito: todas e todos, tenham vida.

A semana que iniciamos recorda o caminho da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Não, Ele não sofreu e morreu tranquilamente. Donos de poder civil e religioso fizeram-no sofrer e o assassinaram. No fundo, porque Ele queria vida para o seu povo e não a opressão de sociedade e religião que não deixava respirar.

Hoje, há 33 anos, martirizaram dom Oscar Romero, em São Salvador, a capital de El Salvador. O dia 24 de março foi proclamado “Dia dos Mártires da América Latina”. Quantas e quantos já existem?! (NOMES). Todas e todos viveram, lutando contra os males que não deixam a vida ser vida e promovendo valores que fazem a vida ser vida. É curioso: mártires antigos têm cartaz; mártires atuais não têm muita vez! Embora, o Jornal do Commércio lembre hoje o nosso próprio mártir, padre Antônio Henrique Pereira Neto.

Costumamos chamar de mártires pessoas que literalmente deram seu sangue. Gostaria de lembrar que há outras que testemunham fortemente sem derramar seu sangue, mas com grande sofrimento. Nosso querido Dom ganhou na Argentina, terra do papa Francisco e da quase rainha Máxima da Holanda, o título honroso de “O Mártir que não mataram”. Sexta-feira, fez 90 anos que nasceu e na próxima quarta fará dois anos que partiu o Profeta da Liberdade, o saudoso padre José Comblin.

Movimentar nossos ramos em homenagem a Jesus e a todas e todos os mártires, não é tão importante.

Nós, cada uma e cada um dentro de suas possibilidades e limitações, procurando promover e beneficiar vida – contra poderes contrários de sociedades e religiões – me parece mais importante.

Estamos contentes com a pessoa do papa Francisco. Mas, não vamos nos esconder atrás das costas largas dele. Não será o papa que mudará nossa igreja. Ele poderá inspirar, impulsionar, orientar, mas serão as leigas e os leigos, as religiosas e os religiosos, os padres, os bispos, os arcebispos e os cardeais ( - e nesta linha de importância, creio eu - ) que farão a máquina eclesiástica funcionar mais e melhor a serviço da vida.

Dois pensamentos do mártir Oscar Romero para terminar.

“A missão da Igreja é identificar-se com os Pobres. Assim a Igreja encontra salvação”.

 

“Uma religião com uma Missa aos domingos, mas com semanas injustas, não agrada ao Senhor.

Uma religião com muitas orações, mas com hipocrisia no coração, não é cristã.

Uma Igreja que se organiza apenas para ser próspera, para ter muito dinheiro e conforto, mas que esquece de se insurgir contra as injustiças, não é a verdadeira Igreja de nosso divino Redentor.”

 

Queridas Irmãs e Caros Irmãos,

que nosso Deus/Amor nos conceda a todas e a todos boa vida e – bem mais adiante – vida plena!

 

 

Igreja das Fronteiras – Recife

Domingo de Ramos, 24 de março de 2013

Pe. João Pubben

sábado, 16 de março de 2013

O Papa Francisco

 
 
 
O Papa Francisco
 
 
Deixa conosco um sentimento de grande esperança o novo Papa. Sua postura diante do Vaticano, sua vida pessoal, sua frugalidade e a escolha do seu nome como Papa sinalizam para uma mudança de posicionamento em relação à liturgia do cargo.

                                                                            
Engana-se, contudo quem espera um Papa de "esquerda", pois na verdade a esquerda, como idealizada, a esquerda não existe mais. Alguns renitentes jurássicos sonhadores românticos, como eu era, imaginam um "papa" revolucionário que cambiasse a estrutura da Igreja fazendo-a um grande organismo político institucional que ideologicamente inflamasse o planeta através das Comunidades Eclesiais de Base. Alguns desejavam que transformasse o mundo numa grande Cuba ou ex- URSS ou uma Coreia do Norte com sua monarquia comunista (Marx deve sentir arrepios no túmulo).
Espero desse Papa um distanciamento maior da parte pecaminosa da estrutura do Vaticano, uma aproximação maior com os empobrecidos do mundo, uma visão pastoral mais acentuada na ideologia da Igreja e uma reaproximação com o mundo pós-moderno com um diálogo mais aberto e franco, despojado do imperialismo romano, aliás um modelo falido depois de 1600 anos.
Algumas mudanças conjunturais sim, estruturais muito poucas. Podemos chegar à abolição do celibato obrigatório para os sacerdotes diocesanos, a questão dos métodos anticonceptivos, uma maior participação dos leigos atuando mais a nível da sociedade na qual está inserido, sem se clericalizar demais, menos triunfalismo e mais teologia, menos messianismo e mais assistência concreta aos necessitados.
Algumas coisas não mudarão jamais na Igreja e isso precisamos estar conscientes para evitar falsas expectativas. A ordenação de mulheres, por exemplo, pois a instituição do sacerdócio cristão provem do sacerdócio judaico segundo Aarão e segundo Melquisedec  incorporado e plenificado totalmente e definitivamente no sacrifício de Cristo, é bem anterior à Igreja, mesmo que ela quisesse como também o Papa não teriam condições de alterar essa questão. A celebração de casamento entre pessoas do mesmo sexo, a questão do aborto, a consagração eucarística e o sacramento da reconciliação (confissão) serem ministrados por leigos, a própria questão da hierarquia na estrutura eclesial.
Causou-me espanto a reação de algumas pessoas ou grupos quando da eleição de Francisco (Jorge Mario Bergoglio), no momento quase imediato, já o estavam acusando de ter contribuído com a tortura militar na Argentina, isso sem uma averiguação serena e correta da História, o mesmo acontecido na época com Ratzinger em relação à sua juventude e o hitlerismo, quando na verdade ele fora vítima do próprio nazismo.
Resta rezar e manter viva a esperança para que Francisco honre os anseios e a esperança do seu povo como também o nome escolhido.
 
Assuero Gomes
Médico e escritor
 
 
 
 

domingo, 10 de março de 2013

Bullying e a Infância Cidadã


imagem Google
 
 
 
Bullying e a Infância Cidadã

 

Eu e meu colega pediatra Aníbal Gaudêncio temos, nesses últimos meses, participado de vários encontros, principalmente para professores da rede pública estadual e municipal no agreste e zona da mata, atendendo convite das secretarias de educação.

O tema de nossas palestras é a saúde das crianças formando os adultos saudáveis e o bullying escolar incluindo o cyber bullying (perdoem o uso dos termos anglicanos, mas infelizmente ainda não há palavras lusófonas correspondentes com todo o vigor daquelas). Os convites são devido ao livro que coordenamos, com textos de vários autores, lançado pela Unimed Recife, nas comemorações de seus 40 anos, pela sensibilidade social de sua presidente Dra. Maria de Lourdes C. de Araujo, intitulado “Infância Cidadã-Compromisso com a Esperança”, no qual se contempla toda a ação preventiva no que concerne à saúde e à cidadania das crianças e adolescentes.

O interesse pelo tema bullying nos surpreende. Estamos comprovando que é um problema grave e de imensa abrangência, que aflige muitos e muitos jovens, de forma cruel e na maioria das vezes silenciosa. O bullying, por definição, é ato de violência física ou psicológica, intencional e repetido, praticado por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executado dentro de uma relação desigual de poder.

Tornou-se um caso de saúde pública, pois afeta a vida do indivíduo de tal maneira que o sofrimento moral constante o torna um pária dentro de seu ciclo social e dentro da família (que não percebe claramente o que está a acontecer) há uma auto-segregação de tal maneira que já não se alimenta adequadamente, não dorme, não estuda, não tem lazer, a auto-estima fica tão baixa, tão baixa, que muitas vezes só lhe resta o suicídio.

Outra observação nossa durante essas palestras é que nem os alunos, nem os professores nem mesmo os gestores das escolas, estão preparados para o reconhecimento precoce do bullying nas suas turmas e escolas, devido ser recente essa modalidade de distúrbio social e a capacitação do pessoal ainda estar incipiente. Muitos professores também estão sendo vítimas!

O bullying escolar é cruel e terrível, mais ainda o é o cyber bullying, que é aquele praticado através das redes de comunicação social via internet e suas derivações. Esse não tem barreira física nem geográfica. Ainda há muito a ser aprendido, discutido, refletido sobre o bullying e suas diversas formas (estou começando a pensar numa modalidade pode estar acontecendo mas ainda não foi sequer relatada, seria o bullying nas comunidades religiosas, esse teria um caráter mais devastador ainda).

Parece-nos que o mais importante passo inicial, fundamental, é o romper com o silêncio cúmplice de quem pratica e o silêncio dos inocentes que sofrem como ovelhas mudas, que serão abatidas sem emitir sequer um lamento.

 

Assuero Gomes


Médico e escritor

quinta-feira, 7 de março de 2013

Mulher, dos passos acorrentados à liberdade.


 
imagem Google
 

Mulher, dos passos acorrentados à liberdade.

 

Passos lentos e suaves, mimosos, carregados por calçados sofisticados. Dos pés atrofiados das orientais, dos saltos imensos das odaliscas, da nudez dos pés das escravas, dos saltos pungentes das egípcias de Faraó, das gregas Helenas esperando seus guerreiros regressarem das tempestades do mar Egeu, de Catarina de Médicis e das cortesãs de França, sempre impedidas de correr, de fugir, sempre impelidas a servir, de pés aprisionados.

Duro caminhar de caminhos nem sempre flores, nem sempre tapete vermelho. Muitas vezes caminhos de pedregulhos, de espinhos, de brasa e fogo, salpicados de sol, algumas vezes caminhos de frio e gelo, sempre doloridos.

Mulher dos passos acorrentados à liberdade, quanto caminho, quanto caminho! Caminho do sempre sim, entre os dentes trincados do não; caminhos escuros e tenebrosos da fuga com uma única luz acesa dentro de si, caminho de heroínas anônimas, caminho carente de poesia e som, apenas silêncio e solidão, quantos degraus a subir, quantos quilômetros a percorrer, quantas etapas da história a vencer?

Concede-me uma dança? Vamos dançar a dança do ventre livre, o tango do cego com teu perfume de mulher, antes que a meia-noite venha, antes que o dia amanheça, antes que o impossível tome conta de nós e já seja tarde e não nos vejamos jamais... O tempo da liberdade da mulher é tão curto, tão curto, como a alegria efêmera de uma brisa de verão.

Dança tua dança, descalça, desamarra teu pés, desnuda tua liberdade, quebra teu sapatinho de cristal, baila como uma manhã toda no primeiro dia da Criação, esquece por um instante, no tempo descompassado dessa música de liberdade, esquece de teus compromissos, de tuas amarras, tiaras, cintas, ligas, espartilhos, brincos, piercings, tatuagens, cicatrizes, lágrimas e feridas, enquanto a música toca a melodia da juventude, a melodia de não ter que.

Dança tua dança solta, como uma guerrilheira de último fuzil antes do tiro derradeiro, ou como uma náufraga que queimou seu último navio ou pulou da prancha no meio do mar da madrugada.

Mulher de andar de botinas ou sapatilhas, de romper arames e grades, de furtar horas de relógios de corações alheios, de derramar tempos em caldeirões de estrelas e barro, de cozinhar futuro para o futuro dos filhos dos outros, mulher insana na busca da liberdade contorcida em partos imaturos, que carrega a história no ventre e no peito.

Hoje e sempre é dia de caminhar, pois a liberdade ainda tarda, andarilha em quatro paredes, em balcões e cabarés, em conventos e creches, em prisões e calabouços, em pequenas revoluções furtivas. Mas hoje dança, dança, porque o dia é teu, a manhã é tua, desata as correias de tuas sandálias, pois a música não é para sempre...

 

Assuero Gomes


Médico e escritor

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ave Maria....belíssima

 
 
Ave Maria....belíssima voz da alemã Helene Ficher
 
 
 
 
 
 
Ave Maria
por Helene Fischer


Helene Fischer nasceu em 1984 e passou a infância na cidade siberiana de Krasnoyarsk, antes de emigrar para a Alemanha acompanhando a sua família, de ascendência germânica. Dominando em nível nativo tanto a língua russa como a língua alemã, tornou-se uma entre as mais famosas cantoras de sucesso neste país. (Wikipedia)