Afscheid van Vader Johannes Pubben
Padre João Pubben
Quando jovem, muito jovem ainda, Jesus através de Vicente de
Paulo perguntou ao padre recém ordenado,
na Holanda, por três vezes: “João, tu me amas?” – Sim senhor, tu sabes que eu
te amo! Por três vezes seguidas ele respondeu calmamente. Em seguida o mesmo
Vicente disse: cuida dos meus pobres.
Fazendo o caminho dos mares aportou no Nordeste do Brasil.
Aqui em Recife encontrando com o pastor profeta Helder Camara, foi enviado para
a comunidade de Dois Unidos, Passarinho e Alto da Esperança, juntamente com a
Irmã Priscila. Faz quarenta e cinco anos essa travessia.
Cuidou com afinco e dedicação dos pobres que lhe foram
recomendados, deu-lhes escola, formação cristã e humanística. Ensinou-os a
dignidade de ser pessoa filho ou filha de Deus. Construiu vidas e vidas
interligadas no amor e no serviço fraterno, no respeito às diferenças e na
convivência construtiva de fraternidades múltiplas, em serviços e pastorais
dessas comunidades.
Deu testemunho de uma vida pobre entre os pobres, de uma
frugalidade extrema e evangélica. Durante longos dezenove anos serviu também ao
Dom, assistindo-o diariamente em celebrações e cuidados.
Celebrou continuamente uma única eucaristia mística com seus
pobres, com D. Helder e com os que vivem o chão da Igreja das Fronteiras, e
continuará celebrando, mesmo em futuro tempo.
Sofreu e foi feliz, chorou e sorriu, construiu pontes e
laços, alguns nós dentre nós. Foi fiel à missão, honrou a túnica e a estola do
serviço entre o sofrimento do povo e o silêncio de Deus. Viveu a mística de
Vicente e Luísa no limite, às vezes ultrapassando-o, do suportável e dou
testemunho de sua dedicação e testemunho na própria pele e pulmões, no coração
e ossos.
Como o Dom e como Vicente incomodou estruturas estabelecidas
e enraizadas e engessadas.
Vicente agora retomou-lhe o diálogo: “João tu me amas?” - Sim tu sabes que eu te
amo! Por três vezes a mesma pergunta e a mesma resposta sem hesitação. “Quando
tu eras jovem, tu te vestias e ias aonde querias, no entanto é chegada a hora
em que vais te vestir e voltarás para de onde vieste”.
Quarenta e cinco anos de mar profundo no mistério de um Deus
que se apresenta na necessidade do pobre e num pedaço de pão, quarenta e cinco
anos de dias imersos numa espiritualidade de mãos calejadas e pés cansados,
quarenta e cinco anos de navegar ali na poeira da poeira onde os pés dos pobres
caminham e sangram... Volta para a Holanda, deixando sua juventude, sua saúde,
seu coração, seus amores e amizades, seus admiradores e especialmente sua
gente, a qual ensinou a dignidade de ser humano.
Parta com o coração da gente e a sensação de ter feito mais
que o impossível por todos nós...
Assuero Gomes
Cristão católico leigo da Arquidiocese de Olinda e Recife