Amor em
tempo de cólera
Definitivamente
a barbárie tomou conta do nosso país. O mais novo episódio se deu com o
assassinato brutal do médico Arthur Eugênio, quando saía do hospital após mais
um dia de trabalho.
Quando
atiraram nele, não atiraram apenas num médico altamente qualificado e
profissional dedicado, pai de família e cidadão de um país sem cidadania.
Quando atiraram nele, mataram a nação e sua parca condição de civilidade.
Sangra a vida, que de tão aviltada, já não se dar o devido valor. Quando um
médico que luta, apesar das ínfimas condições de trabalho, para salvar vidas e
minorar sofrimentos, é assassinado dessa maneira, se tripudia sobre o futuro
que não virá para milhares de brasileiros.
Estamos em
tempo de cólera. Pessoas são arrastadas, linchadas, mutiladas, sequestradas,
invadidas. Um país geme. O governo banaliza a vida de seus cidadãos, saúde
pública, segurança, mobilidade, moradia, educação já se tornaram jargões na
boca dos políticos, sem mais nenhum efeito. Vive-se a cólera em cada esquina, a
ira e o desencanto.
Que a morte
de Arthur não fique apenas na lembrança doída de seus familiares e amigos e de
seus clientes, mas que inflame a indignação de um povo, e da revolta resulte
ações concretas de justiça e de mais respeito à vida.
Assuero Gomes
Médico
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