Os profetas do rei e da rainha
Vi a profecia florescer na América Latina nas décadas de 60
e 70. Como um vento bravo soprou a voz dos pobres e injustiçados, dos
explorados e dos excluídos. O clamor dos marginalizados foi reverberado por
esses profetas para todo o mundo.
Helder Camara, Paulo Evaristo Arns, Gustavo Gutierrez, os
irmãos Boff, Francisco Austregésilo, Oscar Romero, Mauro Moreli, Pedro
Casaldáliga, João Batista Libânio, D. Fragoso, Carlos Mesters, José Comblin e
tantos e tantos outros, que seria pouco o espaço desse texto.
A função do profeta é falar em nome de Deus. Denunciar a
injustiça e anunciar a esperança. O profeta, em razão do seu ofício é
antagônico ao rei. À toda injustiça da governança reage uma profecia.
Nas décadas referidas, as ditaduras ditas de direita
grassaram nessa parte do planeta e foram aos poucos dando lugar à transição
democrática, chegando um alento nos anos 80. Aos poucos porém, muitas dessas
ditaduras foram paulatinamente sendo substituídas pelos governos ditos de esquerda.
Mudou-se apenas os ocupantes do palácio, mas o palácio permaneceu, a senzala
permaneceu, os finaciadores da coorte permaneceram e enriqueceram ainda mais,
os pobres continuam pobres e analfabetos, sem acesso à cultura, à saúde e
moradia, entregues a mais violência ainda.
Pergunto pelos profetas que ainda restaram, por que estão
calados ou ao lado do rei e da rainha? Uns calam outros tentam justificar o
rei.
Temo pela profecia, pois se calamos consentimos, e as pedras
começarão a gritar. Temo pelos pobres, pois estão mais órfãos do que nunca.
Temo pela Igreja pois sem profecia será apenas uma instituição de caridade.
Pediria a Jesus como em Emaús, ‘já é tarde, e o dia declina,
fica conosco Senhor’
Assuero Gomes
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