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terça-feira, 24 de junho de 2014

Os profetas do rei e da rainha






Os profetas do rei e da rainha

Vi a profecia florescer na América Latina nas décadas de 60 e 70. Como um vento bravo soprou a voz dos pobres e injustiçados, dos explorados e dos excluídos. O clamor dos marginalizados foi reverberado por esses profetas para todo o mundo.
Helder Camara, Paulo Evaristo Arns, Gustavo Gutierrez, os irmãos Boff, Francisco Austregésilo, Oscar Romero, Mauro Moreli, Pedro Casaldáliga, João Batista Libânio, D. Fragoso, Carlos Mesters, José Comblin e tantos e tantos outros, que seria pouco o espaço desse texto.
A função do profeta é falar em nome de Deus. Denunciar a injustiça e anunciar a esperança. O profeta, em razão do seu ofício é antagônico ao rei. À toda injustiça da governança reage uma profecia.
Nas décadas referidas, as ditaduras ditas de direita grassaram nessa parte do planeta e foram aos poucos dando lugar à transição democrática, chegando um alento nos anos 80. Aos poucos porém, muitas dessas ditaduras foram paulatinamente sendo substituídas pelos governos ditos de esquerda. Mudou-se apenas os ocupantes do palácio, mas o palácio permaneceu, a senzala permaneceu, os finaciadores da coorte permaneceram e enriqueceram ainda mais, os pobres continuam pobres e analfabetos, sem acesso à cultura, à saúde e moradia, entregues a mais violência ainda.
Pergunto pelos profetas que ainda restaram, por que estão calados ou ao lado do rei e da rainha? Uns calam outros tentam justificar o rei.
Temo pela profecia, pois se calamos consentimos, e as pedras começarão a gritar. Temo pelos pobres, pois estão mais órfãos do que nunca. Temo pela Igreja pois sem profecia será apenas uma instituição de caridade.
Pediria a Jesus como em Emaús, ‘já é tarde, e o dia declina, fica conosco Senhor’

Assuero Gomes


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