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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Depois da festa

Depois da festa...

Depois que a festa acabou, assim como a banda de Chico Buarque, tudo tomou seu lugar. A não ser pela ressaca, os pobres continuaram a ser explorados, os mesmos ladrões de sempre a roubar, a cantora sem voz tentava explicar a conta, uma vez que a luz não é de graça, nem a banda, nem o som.
Rastros da noite dos desesperados ficaram pelo chão. Os corações mais pesados, a alma mais angustiada, o vizinho mais truculento.
O dia a dia consumiu em poucas horas aquele sonho de poder e de melhoria. Tudo como dantes no reino de Abrantes, como dizia um dito popular antigo.

No posto de saúde as atendentes de enfermagem recebiam os feridos das ambulâncias precárias, dos maqueiros sonolentos. O posto à deriva faltando tudo. Por cima do ambulatório, na sala de atendimento, uma imagem de Maria parecia acolher aqueles filhos, mais uma vez. Silenciosa e meiga, como se visse em cada um seu próprio filho.

Assuero Gomes
assuerogomes@terra.com.br

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