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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Um cálice de fel


Profecia sobre a Igreja que está na Paraíba, anunciada em fevereiro de 2005.





Um cálice de fel


Aos irmãos e irmãs do Povo de Deus que está nas terras da Paraíba, graça e paz da parte daquele que tem o poder de abrir o selo do livro da vida, e que tem olhos por dentro e por fora, e que vivo já não morre.
Eis que um cálice de fel está para ser derramado sobre a sua Igreja. Aquele que vem e que não deveria vir, já preparou o caminho da chegada, e chegará de noite como um ladrão, e seus enviados estreitaram as veredas, entulharam os caminhos de pedras pontiagudas, e entortaram as passagens. Ele vem com força e espalhará seu poder por sobre as outras irmãs, e o Senhor da Noite será pequeno comparado a ele. Mas não desanimem. Muitos sentirão saudades, mesmo dos dias atribulados de hoje. Procurarão e não acharão. Acenderão e não se clareará, mas não desanimem, pois é preciso que passem por tudo isso para serem purificados como sua irmã mais velha o foi.
Aquele que tem o selo e a lamparina na mão é o Senhor da História e não dorme jamais. Tenham certeza, ele vela noite e dia por sua Igreja e as portas do Hades não prevalecerá sobre ela.
Como nossos ancestrais, invoquem o testemunho dos patriarcas, especialmente do irmão Zumbi, pois ele sabe o caminho, e a força do testemunho dele se mantém entre vocês. Resistam em pequenas comunidades abraâmicas, não deixem a neve derreter pois haverá muitas lágrimas da Senhora, mantenham o fogo aceso sob o monturo e endireitem o caniço rachado, pois será apenas meio tempo de cronos, o que é breve para o tempo de Deus (kairos).
Daqui enviamos nossa oração e nossa bênção aspergida no sofrimento. Saudamos nossos irmãos Marcelo e Luiz, como a Pedro e a Paulo, e pedimos ao Senhor que abrevie este cálice. Aos anjos que por aí vivem servindo aos pobres, glória e honra de uma Igreja que é sinal para todo Nordeste, nossa admiração e súplicas para que perseverem, pois a última palavra é a Palavra.
Amém.  

Assuero Gomes


19.02.2005

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Sonhos inquilinos







Sonhos inquilinos                                        

Assuero Gomes





Há sonhos que invadem nossas moradas sem os permitirmos. Há os que alugam nossa alma e ainda os que se hospedam de mansinho, de graça, sem aluguel algum. Senhorio de sonhos alheios somos, sonhos que vagam a ermo em aldeias e vielas, em sobrados mal-assombrados ou em planícies mágicas.
Dizem que os sonhos são guardiães do sono, outros são encantados e nos despertam da monotonia pálida de cada dia. Sonhos como fados vadios vagando pelas ruas lisboetas do Bairro Alto, ou como óperas toscas de cidades de ruínas romanas esvaziadas. Sonhos pagãos há que acordam os sonos cristãos. Sonhos de casarios passados e suas janelas fechadas, Dalinianos, delirantes como num filme de Fellini.
Nossa habitação noturna às vezes é invadida por sonhos acolhedores, que permitiríamos habitar para sempre, mas que partem com os primeiros movimentos da aurora. Sonhos de sonhar juntos, de construir realidades utópicas, sonhos de construir uma nação, às vezes são amordaçados por pesadelos hereges.
Quanto tempo duro o sonho e amacio o coração? Os sonhos são inquilinos indesejados na maioria das moradias, pois penetram no recôndito aposento de descanso, à penumbra da noite, e sem pedir licença vão tomando conta das lembranças e embaralhando os sentimentos das recordações. Fazem do coração de um homem um quarto bagunçado de um adolescente, e depois vão embora, deixando para trás quase nada, apenas desarrumadas mobílias e gavetas remexidas.
Casas vazias são convites sigilosos, como anúncios imobiliários ocultos para pretendentes que vagueiam sem abrigo.
Sonhos fúnebres não respeitam a alegria de nascimentos nem a idade do proprietário. Nesse modo de locação não há como se administrar, nem como se cobrar rendas nem declarar ganhos financeiros, apenas esperar antes que o sono chegue, que os novos inquilinos de cada noite, sejam amistosos e deixem alguma lembrança boa, como um souvenir da passagem da rápida temporada.
A estadia de sonhos passageiros que chegam de trem como numa estação desabitada, são efêmeras como a estrela primeira da tarde. Sonhos há que também chegam expressos e radiantes e logo, logo, partem e de tão rápidos e fugazes nem os notamos mais ao acordar. Há sonhos tão impertinentes que derrubam as portas e penetram nas fechaduras das mentes insones, assombram mesmo em hospedeiros acordados, como fantasmas desencarnados.
Alguns sonhos chegam de navio, de barco a remo ou numa nau espanhola; em transatlânticos de luxo ou botes salva-vidas; aportam no nosso sono e desembarcam sem licença, sem visto ou permissão, como se nosso abajur os houvesse atraído, qual farol na noite escura.
Há quem se iluda, que sua casa está vazia, vazia de sonhos, guardada pelo sono profundo; tolo engano, não há casa vazia que não caiba um sonho, nem que seja um simples poema esquecido na infância ou um olhar fugidio de uma namorada primeira que jamais soube, e agora acorda no meio da noite para encantar alguns segundos.
O que seria da realidade se não fossem os sonhos? Apenas cidades fantasmas inabitadas, secas e poeirentas, impossíveis de viver. Resta-nos abrir as portas e as janelas e deixar os inquilinos entrarem.



terça-feira, 1 de dezembro de 2015