Apanhador
de Trigo no Campo de Centeio
A
foice corre cega por entre o capim, as ervas daninhas e os pés de centeio à
procura de trigo. O tempo é ingrato e as nuvens pesadas, sem chuva, abafam o
tempo. Os ceifadores de branco continuam sua árdua tarefa, pois há que se
encontrar trigo, debulhá-lo, amassa-lo e fazer o pão.
O
destino pode ser cego como a foice, mas a determinação há de ser persistente e
incansável. Desbastar o mato, separar o trigo e queimar a palhar. Um tempo de
trabalho, um tempo de colheita, um tempo duro sem perder a delicadeza da massa.
Para
os médicos e médicas pernambucanas todo tempo é tempo, pois seu trabalho gera
pão, o pão da saúde, do acolhimento, do cuidar. Caminham entre vários campos de
centeio e sua colheita é farta. Apesar da erva daninha do descaso com a saúde,
por parte desse grande campo chamado Brasil, conseguem uma boa colheita em
pequenos grãos de dia-a-dia, fazendo a diferença na vida do povo.
Tempos
difíceis e tenebrosos esses do nosso campo, mas frutos também para os
semeadores foram colhidos: luta perseverante sem deixar esmorecer a vontade,
reajuste plurianual, luta em Brasília, desafio ao desgoverno federal, presença
em todo estado, campanhas, resgate da luta da Residência Médica, caravanas,
luta na saúde suplementar, expansão e ampliação da presença sindical, nomeação
de concursados, denúncia e ação na segurança especialmente nas maternidades,
atuação nas endemias, incorporação da gratificação de plantão...
Tempo
de festa também. Memoráveis encontros, pois a vida é feita de pão e vinho,
trabalho e festa. São João, Carnaval, Festa dos Médicos, participação em eventos
culturais, presença junto às outras entidades médicas.
Os
apanhadores de trigo no campo de centeio tecem uma bandeira, verde como os
campos e dourada como o trigo, e bordam incrustadas palavras de dignidade e
transparência : SOU MAIS MEUS MÉDICOS !