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domingo, 10 de abril de 2016

A esperança do Povo depois do exílio na própria Pátria










O pós-exílio e a esperança do Povo


No ano de 587 a.C. o povo foi deportado para a Babilônia sob o jugo de Nabucodonosor. Os profetas haviam previsto e alertado os dirigentes sobre os rumos que a nação estava tomando e quão eram contra, esses rumos, à vontade do Senhor. A palavra de ordem era Castigo!

Durante o período do cativeiro, que foi até o ano de 539 a.C., muitos profetas surgiram também, de tal forma que mantinham, através da Palavra, o ânimo e a união do povo sofrido, sendo neste período a palavra mais anunciada : Consolação! O sofrimento durou em torno de 48 anos, até que Ciro, entrando em Babilônia no ano de 539 a.C. decreta o retorno dos povos escravizados às suas terras, logo no ano seguinte, dando-lhes liberdade de culto.

O povo volta então à Palestina com grande esperança e determinação. Profetas como Ageu, Zacarias e o terceiro Isaías animam essa caminhada de retorno, anunciando a Palavra: Restauração.
Voltando, porém, o povo viu que a vida era muito dura. Pequenos lavradores e criadores de ovelhas e cabras haviam ficado, houve conflitos locais, entre os que ficaram e os que retornavam, e um desânimo começou a minar a alegria e a determinação, a esperança de que finalmente havia chegado à felicidade prometida. Um projeto de reconstrução nacional, através da reconstrução do Templo que estava em ruínas, uniu e encaminhou esse povo sofrido, fazendo-o superar essas adversidades e desconfianças entre si.

Desde o Pentecostes, em torno do ano 30 da nossa era, data do nascimento da Igreja até o dia  28 de outubro de 312, o cristianismo foi uma doutrina expandida através dos pobres, escravos, pescadores, trabalhadores braçais  e pequenos artífices. Muito perseguida em certos períodos pelos poderosos do Império Romano, teve sua solidificação entre muito sofrimento e fé. Ora, na data supracitada do ano 312 o imperador Constantino teve uma visão de uma cruz no céu onde leu que sob esse sinal venceria (visão política também) os seus adversários que lutavam pelo domínio do poder absoluto. 

Acontecendo o que ele previu, tornou todo o império (quase metade do planeta civilizado) cristão.
Os pobres acreditaram piamente que o Reino anunciado por Jesus acabara de se concretizar. Seria o próprio paraíso aqui na terra. Ledo engano. A exploração continuou, o sofrimento, a fadiga, a luta incessante pela sobrevivência. Os dirigentes (agora convertidos) ocupando os cargos públicos e recebendo mordomias nababescas, nada tinham de cristãos.

Aqui no Brasil, não muito diferentemente de outros países latino-americanos, o povo teve uma grande esperança, quando partidos populares ditos de esquerda, chegaram ao poder. Era a realização utópica do Reino aqui nessa região tão sofrida. Finalmente depois de tanta luta e sofrimento, a esperança se concretizava, e um futuro melhor se apresentava aos nossos filhos e filhas. Ah, quanta alegria! Quanta festa! Vi meu povo nas praças, nas ruas, nos rostos felizes de cada um, mas especialmente nos pobres, que teriam daí por diante uma vida digna.

A Palavra que nos apresenta agora é a palavra anunciada por Ageu e Zacarias: Reconstrução. Reconstruir o Templo da dignidade onde mora a Esperança, que é filha da Justiça e irmã da Paz.


Assuero Gomes
Cristão católico leigo da Arquidiocese de Olinda e Recife


terça-feira, 5 de abril de 2016








    Dia Mundial da Saúde



Muito a desejar e pouco a comemorar. O planeta está doente. Os povos da periferia estão doentes e famintos, sem teto e sem chão. Grandes levas de emigrantes varrem o planeta em busca de melhores condições de sobrevivência. O Brasil retrocede em décadas sua saúde pública e traz para dentro de si epidemias jamais esperadas.

Saúde é saneamento, é moradia, é alimentação, é vacina, é orientação médica, é lazer, é esperança, é segurança, é ar puro, água cristalina, é VIDA. Enquanto países do terceiro e quarto mundo sangram suas dores à míngua, assistimos o avanço da medicina a patamares nunca imaginados em poucos lugares privilegiados.

Aqui faltam vacinas, esparadrapos, penicilina, vergonha e honestidade. Sobra corrupção, ganância, desperdício. Desejar um belo e maravilhoso dia mundial da saúde é como admirar uma olimpíada numa manhã de sol envolta num cenário artificial.

A Terra grávida de esperança geme as dores de um amanhã melhor, mas falta-lhe um lugar para parir com segurança, essa aurora. Quem era para proteger, explorou. Quem era para ajudar subjugou, quem era para promover a justiça, corrompeu. Bandeiras fincadas no ventre dessa Terra tremulam, sem ter quem as empunhem.

Mas a esperança, a virtude última dos condenados, faz irracionalmente nascer brotos na aridez de um horizonte incerto. Os dois grandes avanços da humanidade, que realmente mudaram o curso de sua caminhada foram: a descoberta da água potável e as vacinas; depois delas a vida na Terra nunca mais foi a mesma.

Dia Mundial da Saúde, um copo de água limpa, um pedaço de pão. Uma roupa. Um abrigo. Um abraço. Quanta diferença faz esses presentes, tão ausentes. Brindaria com a água e me banquetearia com o pão. Pão dividido com o irmão vestido de humano. Num grande abraço apertado. Assim, assim, seria celebrado o dia.


Assuero Gomes