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domingo, 21 de agosto de 2016

O Som do Silêncio















O Som do Silêncio


Olá escuridão, minha velha amiga
Eu vim falar com você novamente
Porque a visão suavemente arrepiante
Deixou as sementes enquanto eu dormia
E a visão que foi plantada em minha mente
Ainda continua dentro do som do silêncio
Em sonhos agitados eu caminhei sozinho
Ruas estreitas pavimentadas
Sob o halo de uma luz de rua
Eu virei meu colarinho para me proteger do frio e umidade
Quando meus olhos foram apunhalados
Pelo lampejo de uma luz de neon
Que dividiu a noite
E tocou o som do silêncio
E na luz nua eu vi
Dez mil pessoas, talvez mais
Pessoas falando sem conversar
Pessoas ouvindo sem escutar
Pessoas escrevendo canções
Que vozes nunca compartilharam
E ninguém atrevia-se
Perturbar o som do silêncio
"Tolos", disse eu, "vocês não sabem
Silêncio cresce como um câncer
Escute minhas palavras que talvez eu possa te ensinar
Pegue em meus braços e talvez eu possa te alcançar"
Mas minhas palavras caíram como gotas silenciosas de chuva
E ecoaram nos poços do silêncio
E as pessoas curvavam-se e rezavam
Ao Deus de neon que elas criaram
E a placa cintilou o seu aviso
E as palavras que estava formando
E o aviso disse
"As palavras de profetas
Estão escritas nas paredes do metrô
E corredores de apartamentos"
E sussurrou no som do silêncio





Versão para o português da música The Sound of Silence de Simon and Garfunkel 1964.




sábado, 13 de agosto de 2016

Pai Misericordioso de uma família difícil

                    






Pai Misericordioso de uma família difícil

Assuero Gomes


Deus é pai do pobre e do rico. É pai dos fracassados e dos vitoriosos, dos assassinos e dos mansos de espírito. Deus é pai também dos pecadores e dos santos, dos homoafetivos e dos homofóbicos. Das prostitutas e das freiras, dos suicidas e dos que foram deixados para trás, é pai também.
Deus é pai amoroso dos bêbados, dos delinquentes, dos cegos e dos atiradores de elite; dos músicos e das travestis, dos escritores soturnos e dos poetas vivos, dos operários e dos patrões, dos exploradores, dos cafetões, dos preguiçosos e dos laboriosos, das crianças desnudas em praças de lixo e dos príncipes belgas. Deus é pai do Papa Francisco e de Alexandre VI.
Um pai cuidadoso dos viciados, dos cristãos católicos, dos luteranos, anglicanos, muçulmanos e judeus, dos budistas e taoistas, dos babalorixás em seus terreiros. Deus é pai dos anciãos moribundos e dos neonatos. Deus é pai dos militantes radicais de esquerda tanto quanto o é dos reacionários da direita, das dançarinas e dos mutilados de guerra. Pai dos médicos, dos ateus, dos hereges, dos masoquistas, dos loucos e dos sãos. De todos os atletas e dos aposentados, dos mendigos e dos magnatas.
Quão difícil é organizar uma família dessas, banhada pela bênção do livre arbítrio! Pai dos pestilentos, nas abadias e cabarés, em cada esquina, cada rua, cada bairro. Pai dos que creem e dos surdos; dos celibatários e dos devassos, dos que rezam e dos que praguejam e amaldiçoam. Pai sereno e amoroso em cada fim de tarde e no amanhecer, paciente e tolerante, que banha com misericórdia a todos igualmente.
Pai da vítima e do criminoso, do que calunia e do que abençoa, do que oferece água ao sedento e daquele que cerca o poço, do que cura e do que fere, pai de todos e de todas as humanas criaturas, dos que fazem aborto, dos que viciam, dos que salvam e socorrem. Dos que envenenam a alma e o espírito, Deus é pai, e quanto mais terrível o desatino mais Ele se apresenta de forma sutil sem forçar nem quebrar, sem romper o hímen da liberdade humana.
Deus é pai dos corruptos e dos corruptores, dos honestos, dos indecisos, dos exatos, dos cientistas e dos alquimistas, dos astrólogos, tarólogos e quiromantes, dos metódicos e dos românticos; dos sujos e dos higienizados, dos obsessivos e dos lenientes, dos combatentes e dos esmorecidos, Deus é pai.
Dos infanticidas, genocidas, homicidas, dos estupradores, Deus é pai, e como sofre! Como sofre! Como o mal daninho entrou no jardim do Éden? Que será o orvalho de cada noite senão as lágrimas de um pai que sofre?
Pai dos que acolhem, dos que preservam a vida, dos que são capazes de morrer para que a vida do outro permaneça.
Talvez o maior mistério, que jamais nos será revelado, é o mistério de como o Pai pode amar uma família tão difícil como essa.







terça-feira, 2 de agosto de 2016

Igreja da Paraíba, ainda sofre.




Igreja da Paraíba, ainda sofre.                                                        



Caro Luiz Antonio

Meu irmão, filho da Igreja.

Testemunho aqui a sua total fidelidade ao Evangelho, à Igreja e ao pastoreio do Povo de Deus.
Chorei com você, alegrei-me com você, caminhei com você, tantos caminhos, que já não os posso contar, sempre em direção à luz.

Juntos estivemos e juntos estaremos.

Como sempre lhe disse, ser profeta não é fácil. É mais dor que alegria. É ver o cajado transformado em cruz.

Testemunho aqui sua honestidade e transparência na pregação, na ação e na oração. Filho da verdade que incomoda quem anda na mentira.

Ser profeta é muito mais lágrima que sorriso, é como ser parteiro de um parto que parece não chegar à luz.

Juntos estamos, e como sabemos que o Senhor da história é o Senhor da verdade e da Vida, mais essa dor gemente, antes que o parto se faça dia.

Grande abraço meu irmão, sempre juntos, no Pão e no Vinho.


Assuero.