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sexta-feira, 14 de julho de 2017

18 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 18


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18 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 18




A paróquia de Boa Viagem refletia em grau menor a arquidiocese. Começamos a imprimir o jornalzinho Igreja Nova. Era uma forma livre de se refletir e denunciar a questão da Igreja. Hora alguma pensei em ser contra a Igreja e muito menos fundar uma nova igreja; também nunca pensei em restringir quem quer que fosse.
O jornal teria que ser distribuído gratuitamente e durar até quando pudéssemos mantê-lo às próprias custas. Marcelo diagramava, eu, ele e os outros do grupo escreviam, o design trazia um desenho diagramado da igreja nova de Boa Viagem. Vale registrar que o padre apoiou, mas nunca interferiu. Os outros membros do conselho destituído estavam reticentes e no início não apoiaram. Após publicar distribuíamos à saída das missas. Muitos se negavam a receber, outros até rasgavam na nossa frente e muitos levavam para casa.
Foi um começo difícil e trabalhoso, mas gratificante. Era um ideal de Igreja pobre e de serviço para os pobres, livre, sem muitos salamaleques nem rapapés, em comunhão com o clero e com os bispos que tivessem esse mesmo ideal. Continuei escrevendo a história da Igreja, Fernandinho escreveu sobre uma placa de propaganda das tintas Coral que estava 'dando' as tintas para a pintura da igreja "A placa criou raiz" era esse mais ou menos o título do artigo. Marcelo, Sávio, escreveram também.
Luiz continuava com o 'curso' para leigos com palestras semanais, que saiu das dependências da igreja e foi para uma oficina de lavar carros, à noite, em Piedade (ou era Candeias?).
D. José continuava desmontando a Igreja que D. Helder erigira, não em pedra e cal, mas em carne de coração e que chegou a ser um farol para a Igreja do Brasil. Dois bispos auxiliares chegaram para ele: D. João Evangelista Terra (jesuíta) e D. Hilário Moser (salesiano). Terra foi quem transmitiu a ordem para D. Helder se calar frente ao caso do Morro da Conceição (ordem obedecida literalmente). Hilário desentendeu-se logo e foi morar no seminário de Olinda (pessoa muito boa, sofreu muito). D. terra irá sofrer muito mais, depois.
Aos poucos o clero e as comunidades foram percebendo o potencial do jornal Igreja Nova e eu também. Aprendi que o maior dom que um leigo tem, muito acima de qualquer outro, é a liberdade (que um padre, um religioso ou religiosa, um bispo, um diácono, um seminarista jamais terão). Nesses anos de luta (mais de vinte) nunca fui sequer advertido, muito menos processado. 

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