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domingo, 16 de julho de 2017

20 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 20




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20 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife  20



A arquidiocese continuava com a perseguição implacável contra os padres e as comunidades que se colocassem contra as ordens e desmandos do sr. arcebispo.
Pe. Reginaldo no Morro continuava resistindo. Resolveu não sair e ficar ao lado do povo celebrando em outros ambientes que não fosse dentro do templo. A associação de moradores, a escola municipal, e casas das famílias. D. José conseguira uma ordem de despejo para que retomasse a posse da igreja.
Contra Luiz Antônio ele foi colecionando um dossiê de denúncias feitas por pessoas que se sentiam incomodadas com a pregação e a prática (lembram daquela questão do livro que ele criticou logo nos primeiros dias de paróquia?), as denúncias eram as mais descabidas possível. tais como andar de bermuda, fumar durante a confissão, levar o 'Santíssimo' no porta-luvas do carro, dizer que as Bodas de Caná não existiram, e assim por diante.
A maioria dos padres da arquidiocese tinha sua condição fragilizada, pois D. Helder nunca perseguiu ninguém nem transferiu à revelia, nem mesmo D. Lamartine se preocupou com isso, então o título de 'vigário colado' que evitava a transferência de uma padre da sua paróquia pelo simples querer do arcebispo nunca foi providenciado, à exceção de padre Edwaldo de Casa Forte e padre Romeu da Torre. Pe. Arnaldo que fora vigário geral de D. Helder se arrependeu de nunca ter providenciado isso para os párocos, mas jamais poderia adivinhar o que viria depois do Dom. 
Todo padre é incardinado em alguma diocese, não há padre 'solto' sem vínculo episcopal. Já os religiosos pertencem à sua ordem ou congregação. Os capelães militares respondem a um bispo específico e os diáconos permanentes a outro bispo específico. Viva a liberdade dos leigos!
D. José Cardoso nunca deu a nenhum padre o título de pároco, muito menos de vigário colado. Apenas dava 'uso de ordem' renovável a cada ano, que é uma espécie de licença para que um padre ou um religioso atue na sua diocese, o que deixava a todos na sua mão.
Luiz Antônio era incardinado em São Paulo (lembram que D. José foi buscá-lo para Boa Viagem?).
Temos que entender a 'filosofia' que há na administração da Igreja.
O mundo é de Deus, criado por Deus e pertencente a Ele. Quem administra o mundo no nome dEle é o Vigário de Cristo aqui na Terra, ou seja, São Pedro e seus sucessores. A Terra é dividida em territórios administrativos (chamados de dioceses e quando há duas juntas, arquidioceses), que são administrados, esses territórios pelos designados (ungidos) pelo Vigário de Cristo, o Papa, seu representante visível aqui. Ora, não é apenas um governo espiritual, pois até bem pouco tempo havia os estados papais. Imaginem durante o renascimento os territórios papais, os bispos tinham poder total em nome do Papa e esse em nome de Cristo. Podiam decretar pena de morte, falência, tomar e dar poder, negociar, vender, comprar, erigir catedrais, igrejas, basílicas, capelas, ermidas, ordens religiosas, banir, excomungar até reis e rainhas.
Hoje, o bispo tem ainda poder sobre os bens da Igreja na sua jurisdição, sobre os padres. Pense: um presidente, deputados e senadores, prefeitos, vereadores, dirigentes em geral, devem satisfação ao povo que o elegeu. O Papa, o bispo, os padres, não. Não devem satisfação a qualquer ser humano, apenas a Deus diretamente, uma vez que não são eleitos, são ungidos.
Um bispo jamais enfrenta outro bispo. Há um acordo tácito quanto a isso. Nos bastidores a coisa é bem diferente. Roma para aceitar que um bispo está errado é muito difícil porque quando assim o faz está implicitamente admitindo que errou quando o ungiu, se errou, não foi o Espírito Santo. É muito complicado, mas está aí há dois mil anos e funciona muito bem.
O caso de Olinda e Recife foi e é emblemático. Pense nisso futuras gerações.



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