28 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 28

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28 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 28

"As situações de tensão fazem com que as nossas decisões nos coloquem sempre em conflito com a realidade, pois toda realidade é alicerçada no conflito." ASSUERO em Partindo de Emaús .

Em 1993 publiquei meu primeiro livro, intitulado "Partindo de Emaús". Foi um trabalho no qual relatei de maneira romanceada os fatos que vivenciamos na paróquia e na arquidiocese. Marcelo Calábria teve a paciência e a dedicação de formatar e diagramar o que de maneira artesanal principiava no uso de computadores. A capa e os desenhos forma meus.

Para conseguir publicar fui a João Pessoa encontrar com Luiz Antônio que estava lá nesse dia (estava morando em Gurien) e falamos com D. José Maria Pires (D. Zumbi) que por sua vez falou com o bispo de Paulo Afonso (BA), que tinha uma ótima gráfica na sua diocese. O preço sairia quase o de custo mais os fretes.

Como escritor principiante mandei rodar 2.000 livros.

Na história havia inserida a história de um rapaz que era filho e herdeiro de uma tia muito rica dona de um colégio da corte (a trama se passa no século XIX) e que por querer dividir a fortuna com os mais pobres é assassinado num acidente de charrete (algo assim). Ora no grupo Igreja Nova havia um companheiro vindo do Grupo Jovem de Boa Viagem, amigo de primeira hora e vibrador de nosso movimento, totalmente engajado, que morreu atropelado por um ônibus, pois era tão míope que pouco enxergava. Era sobrinho de uma dona de um colégio famoso aqui de Recife.

O lançamento foi um sucesso inesperado para mim e foi o livro que mais vendi. Foi numa noite numa livraria em Boa Viagem (já fechou há muito tempo) e havia filas e filas de amigos e amigas especialmente da Igreja e da paróquia de Boa Viagem.

No dia seguinte fui chamado à livraria pedindo para retirar os livros que não poderiam ser mais expostos nem comercializados ali nem nas outras filiais. Fiquei surpreso, pois fui pensando que queriam mais livros....

Umas pessoas ligaram para o arcebispo daqui, que ligou para a dona do colégio, que disseram que eu tinha escrito que o sobrinho fora assassinado... como a livraria mantinha uma loja dentro do colégio, se não suspendesse meu livro ela sairia do colégio, e por aí vai. Minha segunda grande censura na vida. A primeira foi em 1977, na minha primeira exposição individual de pintura no Museu do estado onde eu exporia duas séries de quadros: As prostitutas e As florestas.

As primeiras eram apenas os rostos de mulheres sofridas que hoje eu vejo a influência de Modigliani e as florestas era uma crítica ao desmatamento (1977!). Eu em entrevista dizia, na sociedade exploradora enquanto a prostituição aumenta as floresta diminuem. Recebi um chamado do museu se desculpando pedindo para só expor as florestas porque o tema das prostitutas era inconveniente para um órgão como o Museu.