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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

54 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 54



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54 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 54



Finalmente pudemos inaugurar o nosso restaurante para os pobres, chamado de O Dom da Partilha, em homenagem a D. Helder e como resposta aos pobres que ficaram esperando a refeição depois da missa das Fronteiras.
No sábado anterior houve uma pungente celebração na capela do seminário dos salesianos, lá mesmo onde ficava instalado o restaurante.
Frei Aluizio preparou com sua turma uma encenação do encontro de Francisco com o Pobre. Belíssimo momento. Podíamos sentir a presença do próprio Cristo naquele momento.
Na segunda-feira iniciamos, com um movimento sempre crescente a cada dia. Nossos temores de que os pobres iriam fazer confusão, sujar a rua, brigas, nada disso aconteceu. Vinham tranquilos, pegavam a sua quentinha, podiam escolher dois tipos de comida, geralmente carne de boi ou frango, sempre acompanhada de feijão, farinha, arroz ou macarrão e algum tipo de verduras. Pesava sempre 400g ou mais. Ninguém estragou nada.
Havia um casal de velhinhos que dividiam uma refeição para os dois, outros passaram a comprar remédio com o dinheiro economizado da comida, outros vinham de longe comer ali e uma vez questionados disseram que como não pagavam ônibus pela idade vinham fazer a refeição e que geralmente era a única do dia.
Certa vez apareceu um rapaz relativamente jovem, sem camisa, o rosto um pouco sujo, entrou na fila como todos os outros e pediu para comer de graça. Foi explicado que não podia ele então pegou uma moeda de 50 centavos e continuou pedindo até que se cedeu dizendo que era a única vez. Pois bem, alguns dias depois chega um rapaz, bem vestido, e diz que veio fazer uma doação, pois viu que o projeto era sério, ele tinha se passado por pobre e pediu para comer com desconto, a comida era boa e digna, viu que tudo estava correto. Ele fez uma boa doação em dinheiro que deu para servirmos todos quase um mês sem maiores problemas. Soube depois que era dono de uma cadeia de lojas de roupas nos shoppings.
Havia um velhinho que vinha todo dia comer que era  igualzinho a S. Vicente (como nós o conhecemos através da pintura), impressionante.
O mais impressionante porém aconteceu e não sei explicar: certa vez eu rezando pedi a Jesus que me mostrasse se estava satisfeito com o trabalho de todos no Dom da Partilha, e nos abençoasse.
A uma certa hora senti como se dissesse 'vou fazer uma refeição com vocês'. Não ouvi, apenas senti e pensei ser apenas um desejo meu, uma impressão de fé, algo emocional ou psicológico, com grande força de consolo.
Dois ou três dias depois, a funcionária que despachava as quentinhas me contou (sem eu nada dizer) que apareceu um homem estranho, um mendigo enrolado num pano grosso como um cobertor, algumas feridas no corpo e com mau cheiro, que inclusive afastou um pouco os outros que estavam na fila. Pediu uma refeição (-'Vim comer'), agradeceu e partiu sem ser nunca mais ser visto. 






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